16/11/10 11h45

Brasil é o mercado que mais cresce para UE

O Estado de S. Paulo

Em 2010, o Brasil foi a economia que registrou a maior expansão de importação de produtos europeus em todo o mundo. O crescimento das vendas europeias ao Brasil foi de 54% de janeiro a agosto deste ano, o que já coloca dúvidas sobre a capacidade de a economia brasileira manter seu tradicional superávit com a Europa nos próximos anos. Dados divulgados ontem pela Comissão Europeia indicaram que, de janeiro a agosto de 2010, a balança comercial da UE com o Brasil havia sido zerada e que o superávit que o País mantinha com a Europa há anos desapareceu, algo que não ocorria há onze anos.

O real forte e a demanda interna brasileira em expansão são os principais motivos, ainda que a UE insista que o governo brasileiro tenha ampliado as barreiras comerciais nos últimos meses. Para a diplomacia brasileira, os números de ontem são a melhor resposta às acusações que o País mantém seu mercado fechado. No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou para a União Europeia US$ 30,7 bilhões e importou US$ 28,6 bilhões. O superávit é de US$ 2,1 bilhões. Em 2009, porém, o superávit brasileiro foi de US$ 4,3 bilhões. "Ainda não podemos prever como será o fim do ano. Mas tudo indica que, se o Brasil tiver um superávit, ele será pequeno", afirmou Gilberto Gambini, especialista em estatísticas da UE. Até o fim de agosto, o Brasil havia exportado para a Europa 20,6 bilhões. Até o mesmo período, o volume de importação era o mesmo. O mercado americano continua sendo o maior destino de produtos europeus, com 155 bilhões em exportações até o fim de agosto.

Mas a expansão em comparação a 2009 foi de apenas 15%. Para China, a alta das vendas europeias foi de 39%, do total de 72 bilhões. Mas foram as vendas ao Brasil que registraram o maior aumento, passando de 13,3 bilhões nos oito primeiros meses de 2009 para 20,6 bilhões em 2010. A expansão colocou o Brasil à frente da Coreia do Sul entre os maiores parceiros europeus, exatamente o país com o qual Bruxelas assinou neste ano um acordo comercial. A expansão das exportações europeias ao Brasil apresentou uma taxa duas vezes superior à média do aumento das vendas da UE ao mundo, de 22%. Diante do crescimento das importações à economia brasileira, o País aparece como nono maior destino das vendas da UE no mundo.