09/05/12 14h31

Brasil é o 3º mais sustentável do G20

Brasil Econômico

Detentor de uma das matrizes energéticas mais limpas do planeta, o Brasil alcançou a terceira posição entre os países mais sustentáveis do G20 — o grupo das 19 maiores economias mais a União Europeia, que foi desconsiderada do estudo. Segundo o levantamento da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a utilização massiva de energia gerada por usinas hidrelétricas — que correspondem a 91% do abastecimento elétrico do sistema interligado nacional — fornece indiretamente bons indicadores referentes à emissão de poluentes e à pegada ecológica de seus habitantes.

Para Gianni Ricciardi, vicepresidente de análises da Anefac, a decisão, em décadas passadas, de desenvolver energias limpas, mostra-se cada vez mais acertada em um mundo pressionado pela demanda ecológica. “Foi uma questão estratégica e de oportunidade. Hoje, ninguém no mundo sabe explorar esse aspecto como nós”, diz.

No ranking criado pela associação, França e Reino Unido aparecem à frente do Brasil. Questionado sobre a matriz energética francesa, Ricciardi foi taxativo: “A energia atômica é das mais limpas que existe. O caso de Fukushima alertou o mundo para os riscos implícitos desta fonte, mas a poluição criada pela matriz nuclear é ínfima”. O estudo também chama atenção para o alto índice de reutilização de água destas nações. “Estes países têm uma consciência ecológica muito grande”, conclui Ricciardi.

Termelétricas
Apesar dos bons indicadores providos pelo sistema hidráulico, Fernando Umbria, vice presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace), alerta para o avanço das termelétricas no país, substancialmente mais poluentes. Hoje, elas correspondem a 5,6% da matriz energética nacional. “Como não estamos construindo reservatórios para as hidrelétricas, aumentará a necessidade de usinas que garantam a confiabilidade do sistema”, diz.

Segundo Umbria, independentemente da construção de três novas usinas—Belo Monte, Jirau e Santo Antônio —, a capacidade de geração das termelétricas terá de dobrar até o final de 2016. Atualmente, os contratos com as usinas térmicas preveem fornecimento de 5,2 mil megawatts. Ao final do ano olímpico, serão acrescidos outros 5 mil megawatts em contratos de abastecimento. “O aumento do consumo de energia está pressionando os reservatórios, o que acentua a necessidade de uma matriz mais confiável, que não dependa de efeitos climáticos”, avalia Umbria.

A criação de energia elétrica por meio da queima de combustíveis é um dos principais motivos que derrubaram alguns países no ranking da sustentabilidade, como Coreia do Sul, em 14º; Rússia, 15º; China, 18º; e Austrália, a última, em 19º lugar. “Há uma necessidade muito grande de utilizar carvão e petróleo nestes países”, afirma Ricciardi.

Os dados referentes à emissão de gás carbônico por essas nações, em números absolutos ou por habitante, estão entre os piores do grupo. “Isso mostra que os países não estão nem perto de equacionar a questão ambiental. Havia a expectativa de que a Rio+20 poderia ser um marco nesta história, mas o risco de se repetir o protocolo de Kioto (o qual os Estados Unidos não assinaram) é grande”, diz o executivo da Anefac.