23/09/09 10h37

Brasil é o 1º país a obter grau de investimento durante a crise global

O Estado de S. Paulo

Um ano e meio depois de suas principais concorrentes, a agência de classificação de risco de crédito Moody's concedeu ontem ao Brasil o grau de investimento. Trata-se de um selo de qualidade que indica que a probabilidade de um emissor de dívida dar calote é baixa. Profissionais do mercado financeiro avaliam que, por vir tarde, o rating (nota) não terá implicações práticas relevantes para o País. Mas destacaram o efeito simbólico da medida, uma vez que o Brasil foi a primeira nação a ganhar esse status no meio da crise global.

"A nota da Moody's é a cereja de um bolo que já estava pronto", afirmou o vice-presidente do Bradesco, Norberto Barbedo. "A importância desse grau de investimento é o momento em que ocorre: todos perceberam que o Brasil teve desempenho diferenciado durante a crise", disse o estrategista do Banco WestLB, Roberto Padovani. A reação dos investidores ontem mesmo confirma essa expectativa. O Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) diminuiu o ritmo de alta que registrava até o momento em que a informação foi divulgada. No fim dos negócios, subiu 0,93%, para 61.494 pontos. No mercado de câmbio, que já estava fechado quando houve o anúncio, o dólar caiu 1% e fechou cotado a R$ 1,798, menor valor em exatamente um ano.

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, destacou que a Moody's classificou o Brasil como vencedor. Além de promover a nota brasileira (para Baa3), a Moody's deixou o caminho aberto para mais uma elevação, ao definir a perspectiva para o País como "positiva". "Muitos indicadores econômicos apontam para uma forte recuperação (do Brasil), uma retomada em (formato de) "V". Se você olhar para diferentes países, em desenvolvimento e desenvolvidos, há poucos que não foram tão afetados pela crise e possuem fortes sinais de recuperação", observou Leos.