20/11/12 12h17

Brasil e Holanda estreitam laços no setor aeroespacial

iG

Empresas de São José dos Campos assinam na quinta-feira termo de cooperação com holandeses

Representantes do setor aeroespacial do Brasil e da Holanda devem assinar na próxima quinta-feira (22) em São José dos Campos, no interior de São Paulo, um protocolo de cooperação para promover novos negócios entre pequenas empresas do setor aeroespacial dos dois países.

O anúncio ocorre em meio à visita oficial do Príncipe de Orange e a Princesa Máxima que vêm ao Brasil acompanhados de missão comercial com representantes de 175 empresas, institutos de pesquisa e universidades.

Segundo Agliberto Chagas, gerente-executivo do CECOMPI (Centro para a Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista), o objetivo é juntar as competências das pequenas do polo aeroespacial brasileiro com o europeu para atuarem conjuntamente no mercado. Anualmente, somando-se a receita da Embraer, o cluster (aglomerado) de São José dos Campos movimenta US$ 10 bilhões.

"O que mais chama a atenção na indústria deles são os sistemas embarcados e os softwares. Nós temos muita competência em aeroestrutura, materiais compostos e projetos de engenharia", explica. Embraer e ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) que também fazem parte da organização inicialmente ficam em segundo plano, mas de acordo com Chagas, podem ser chamados no transcorrer da parceria.

Entre as mais de 100 empresas envolvidas no potencial acordo, Chagas cita Globo e Friuli (usinagem) e Akaer e Alltec Composites (materiais compostos).

Do lado holandês, que vem com representantes de seu cluster NAG (Netherlands Aerospace Group) como a Fokker, o interesse é de buscar para uso de métodos e tecnologias de aviação mais eficientes e "limpas". Parcerias-público-privadas (PPP) também devem ser colocados à mesa.

Além de aspectos comerciais, o acordo entre ambos os países sinaliza ainda a criação de um programa de intercâmbio de PhDs, pesquisadores e estudantes de engenharia.

Obstáculos

De acordo com Chagas, o maior obstáculo ao crescimento aeroespacial brasileiro tem sido o acesso a capital competitivo. O BNDES contribui com linhas de crédito, mas as empresas esbarram nas garantias pelos órgãos de fomento. "Lá fora, os clusters competidores têm acesso a dinheiro com bem menos burocracia e restrições", diz.

Mas nem tudo é reclamação, uma vez que o setor também tem sido beneficiado por reduções tributárias. "O esforço do governo com o Regime Tributário Aeroespacial é reconhecido. As empresas têm sido ajudadas com menos impostos principalmente na importação de insumos".

O polo aeroespacial brasileiro possui atualmente quatro acordos de cooperação firmados com clusters da França (Pegase, Aerospace Valley e Astech) e dos Estados Unidos (PNAA – Pacific North Aerospace Alliance).