16/09/09 10h11

Brasil é destaque na recuperação do mercado imobiliário mundial

Valor Econômico

De um lado, sete palestrantes apresentam números e informações sobre os fundamentos da economia brasileira e os diferentes segmentos do mercado imobiliário. De outro, cerca de 150 pessoas sentadas em uma plateia atenta assistem, interessadas, a cada um dos detalhes expostos. "Vender" o Brasil está mais fácil. O país que primeiro emergiu da crise é capaz de impressionar olhos e ouvidos acostumados a más notícias. Investidores estrangeiros machucados pela crise ainda estão se refazendo das fortes perdas que tiveram, mas conseguem ver no Brasil a luz que continua apagada em praticamente todo o resto do mundo.

"O humor aqui nos Estados Unidos continua muito ruim, se os investidores não vem a um lugar onde todo mundo fala a mesma coisa fica até difícil acreditar que o cenário seja tão positivo no Brasil", afirma José Paim, presidente da Max Cap Real Estate Investment Advisors, um dos palestrantes brasileiros do Brazil Real Estate Conference. Pela primeira vez, o governo brasileiro participa de um evento como esse. Maria Fernanda Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal, veio apresentar o programa Minha Casa, Minha Vida, que apesar do nome em português, já faz parte do vocabulário dos investidores interessados no Brasil e no tão festejado mercado de baixa renda.

O Brasil está na moda, é o que se diz por aqui. E as empresas brasileiras do setor imobiliário aproveitam a conjunção de fatores positivos para atrair investimentos ao país. A favor do Brasil existem fatores externos, como a concorrência mais fraca de outros países emergentes. Dos BRIC, segundo os investidores, apenas a China disputa com o Brasil, apesar das grandes diferenças entre os dois países.

Internamente, uma soma de fatores faz com que o timing seja muito favorável ao Brasil. Fundamentos macroeconômicos sólidos, como a queda das taxas de juros, o crescimento da classe média e da renda per capita e um crescimento estimado de cerca de 4,8% do PIB em 2010, chamam a atenção.

Por fim, o programa habitacional do governo alinhavou os últimos fatores que faltavam para completar um cenário de demanda aquecida. Por conta do Minha Casa, Minha Vida, a baixa renda ganha destaque entre os diferentes segmentos do mercado imobiliário brasileiro. Heidi Thompson, da Daiwa Asset Management, empresa de gestão de recursos japonês, já investiu US$ 215 milhões em ações de empresas brasileiras (Gafisa, Cyrela, Rossi, PDG, MRV, Agra e BR Malls), entoa o coro de que o segmento econômico é um dos mais atrativos no mercado imobiliário, pelo potencial de crescimento. Mas teme pelo risco político no próximo ano. Outro fundo que já tem investimentos no Brasil, mas ainda procura novas oportunidades, é o Janus Capital Group, com ações da MRV, Cyrela, Rossi, PDG e Rodobens. Matthew Hochstetler, da Janus, vê uma transformação inédita no mercado imobiliário brasileiro.