30/06/15 14h28

Brasil e China avançam em novo fundo

Valor Econômico

Uma missão técnica do governo brasileiro deverá embarcar para a China em julho, com o objetivo de avançar nas negociações em torno da implantação do novo fundo anunciado pela presidente Dilma Rousseff e pelo primeiro-ministro Li Keqiang para financiar projetos de infraestrutura. Paralelamente à visita de Li a Brasília, em maio, um memorando de entendimento assinado entre a Caixa Econômica Federal (CEF) e o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) prevê a criação do fundo. Na ocasião, os dois países falaram numa cifra de US$ 50 bilhões - basicamente, verbas chinesas geridas pela Caixa.

Desde o anúncio, pelo menos a cada 15 dias, teleconferências entre equipes das duas instituições financeiras têm ocorrido para aprofundar a formatação do fundo. O atual momento, segundo fontes que acompanham o assunto, é de conhecimento dos arcabouços jurídicos brasileiro e chinês. Isso está sendo feito para avaliar as possibilidades de execução das operações financeiras necessárias a fim de que os recursos ingressem no Brasil e sejam destinados aos investimentos em infraestrutura. O grupo de trabalho entre Caixa e ICBC deve funcionar até o fim de agosto.

Na sexta-feira passada, na declaração final da 4ª Reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), o vice-presidente Michel Temer e o vice-primeiro-ministro Wang Yang reiteraram o interesse na "pronta implementação" do memorando de entendimento. Uma das grandes dúvidas na iniciativa privada continua sendo a mesma de antes: se projetos de infraestrutura de energia e de transportes, por exemplo, poderão receber financiamento do novo fundo mesmo se uma empresa chinesa não ganhar a licitação pública ou não for contratada como fornecedora de equipamentos - turbinas para hidrelétricas ou trilhos para ferrovias.

Temer e Wang também anunciaram a decisão de criar o Fundo Brasil-China de Cooperação para a Expansão da Capacidade Produtiva.

Esse fundo, que não deve ser confundido com o financiamento do ICBC a projetos de infraestrutura, teria US$ 20 bilhões - os chineses se dispõem a fazer um aporte de US$ 15 bilhões e o Brasil entraria com a parte restante. Os aportes ocorreriam conforme avanços na definição dos "projetos prioritários", especialmente em logística e na indústria, inclusive por meio de joint venture com companhias locais.