02/02/17 14h49

Brasil e Argentina trabalham por um novo Mercosul mais integrado ao mundo

PROTEC

O ministro Marcos Pereira afirmou nesta segunda-feira, durante a abertura da III Reunião da Comissão Bilateral de Produção e Comércio, no MDIC, em Brasília, que Brasil e Argentina estão empenhados em ampliar a rede de acordos comerciais do Mercosul.

“Em um momento em que o mundo assiste ao retorno do protecionismo, é imperioso fortalecer a integração regional. Brasil e Argentina têm papel de liderança no Mercosul, principalmente no que tange ao fortalecimento da dimensão comercial do bloco e à ampliação da sua rede de acordos internacionais”, disse Marcos Pereira, que, antes da reunião, teve um encontro privado com o ministro da Produção da Argentina, Francisco Cabrera, que chefia a delegação argentina.

“O presidente Temer nos orientou que, juntamente com a liderança na Argentina no Mercosul, possamos trabalhar uma agenda de diálogo com os países da Bacia do Pacífico, haja vista a postura do presidente Trump. E que também possamos ampliar o diálogo com outros players, como Canadá, Japão e países do EFTA”, disse o ministro na abertura da reunião.

“Estamos vivendo um momento em que há uma convergência no Mercosul, sobretudo entre Brasil e Argentina, o que nos dá condições de avançar no tema de abertura do Mercosul e reinserção do bloco no cenário internacional”, completou.

O ministro Francisco Cabrera pediu que a reunião sirva não somente para tratar dos temas de conjuntura, mas também para tratar de assuntos mais amplos que permitam a Brasil e Argentina, junto com os outros países do Mercosul, ter um aprofundamento institucional de suas relações e façam o que for possível para levar adiante uma negociação exitosa com a União Europeia, Japão, Canadá, e EFTA.

“Temos que dar um passo adiante na solidez e na previsibilidade dos acordos entre Argentina e Brasil, em princípio, e dentro do próprio Mercosul”, defendeu Cabrera. O ministro também destacou a atuação do embaixador argentino no Brasil, Carlos Magariños, que deverá se dedicar integralmente ao fortalecimento do Mercosul.

Cabrera lembrou que há temas entre Brasil e Argentina sem avanços há 19 anos. “Temos pedido ao embaixador Carlos Magariños que fique responsável por esse desafio, por esse projeto. Vamos ter alguém com sua cabeça exclusivamente neste projeto”, anunciou.

Crescimento

O ministro Marcos Pereira afirmou que a reunião se insere em um contexto de necessidade da retomada do crescimento do comércio bilateral e aprofundamento da parceria. Ele lembrou que a recessão em ambas as economias e a existência de entraves levou à forte contração do fluxo comercial entre Brasil e Argentina, mas que já se iniciou um processo de reversão deste quadro.

“Houve, nos últimos três meses, aumento das vendas recíprocas entre Brasil e Argentina – fato que não ocorria desde julho de 2013. Para consolidarmos esse movimento, destaco o singular e fundamental papel desta Comissão Bilateral. Temos pela frente uma agenda intensa de trabalho, reflexo do compromisso que já assumiram os nossos presidentes em avançar na inserção de nossas economias no cenário regional e global”, disse.

Marcos Pereira disse ainda que o encontro bilateral tem um significado especial porque precede a vinda do presidente Mauricio Macri ao Brasil na próxima semana. “Brasil e Argentina têm um papel de liderança no Mercosul. O contexto em que nós nos inserimos no presente momento faz com que possamos, não obstante a crise econômica pela qual passaram os dois países, trabalhar pela retomada do crescimento”.

Resultados

Desde a primeira reunião da Comissão Bilateral de Produção e Comércio, em abril do ano passado, Brasil e Argentina assumiram o compromisso de dar impulso efetivo para a solução de questões que afetam a fluidez do comércio bilateral.

“Posso assegurar que, em menos de um ano, desde a primeira reunião que tivemos, alcançamos resultados significativos no âmbito bilateral e regional. Cito, apenas a título de exemplo que, no nosso último encontro em Buenos Aires, registramos ganhos concretos ao firmarmos acordos sobre Facilitação de Comércio e Certificado de Origem Digital. Ações como essas amenizam a burocracia e criam melhor ambiente de negócios para nossas empresas”, destacou o ministro.

Intercâmbio Comercial

Em 2016, a soma das exportações e importações entre o Brasil e a Argentina atingiu US$ 22,5 bilhões, com superávit de US$ 4,333 bilhões para o Brasil. As empresas brasileiras venderam para a Argentina, no ano passado, principalmente automóveis de passageiros (25% do total das exportações brasileiras para o país), veículos de carga (8,8%) partes e peças de veículos (6,5%), e outros produtos manufaturados (4,7%). Entre os produtos que as empresas argentinas vendem para o Brasil em 2015, tiveram destaque veículos de carga (16%), automóveis de passageiros (16%), e trigo em grãos (8,5%). No período em análise, a Argentina foi o terceiro principal destino das vendas externas brasileiras e o quarto mercado de origem de nossas importações.