Brasil e Argentina disputam biodiesel
Gazeta Mercantil - 01/11/2006
Empresas dos dois países começam a investir pesado na produção, mas com focos diferentes. O Brasil está próximo de torna-se uma potência mundial na produção e venda do biodiesel, combustível regularizado há dois anos pelo governo federal para sustentar a agricultura familiar, mas que hoje já faz parte do portfólio de negócios estratégicos de empresas de grande porte como a Petrobras, Ipiranga, ADM, Caramuru e Bertin. Os projetos já anunciados pelas indústrias brasileiras irão demandar investimentos totais de cerca de US$ 324 milhões, o que garantirá uma oferta, até o final de 2007, de 1,7 bilhão de litros do energético produzido com óleos vegetais - volume mais do que suficiente para atender à exigência governamental de adição de 2% do produto (em torno de 800 milhões de litros) ao diesel, partir de janeiro de 2008. No entanto, o Brasil não é o único país da América Latina a apostar pesado no combustível. A Argentina também começa a tirar do forno projetos ambiciosos para o biodiesel, com uma diferença importante em relação aos daqui: mais de 75% da produção futura argentina terá como único destino o mercado internacional, segundo revela um estudo divulgado pela consultoria abeceb.com. Já no Brasil os fabricantes pretendem, no primeiro momento, despejar toda a oferta no mercado local, não só para cumprir com as metas governamentais, mas também para satisfazer os anseios das distribuidoras de combustíveis, que se esforçarão para colocar, o mais rápido possível, o B-2 (2% de biodiesel e 98% de diesel) em todas as suas redes de postos. Além do Brasil e da Argentina, os Estados Unidos têm investido fortemente na produção futura do biocombustível. No entanto, atualmente, são os alemães que se destacam na produção do energético, com uma oferta anual acima de 2,5 bilhões de litros e com um mercado já maduro, com mais de 10 anos de existência.