Brasil e Alemanha estreitam os laços e buscam maior dinamismo comercial
Valor EconômicoA presidente Dilma Rousseff afirmou na noite de ontem, após reunião com a chanceler alemã Angela Merkel no Palácio da Alvorada, que há espaço para que os dois países aumentem os fluxos bilaterais comerciais e de investimentos. Dilma também reafirmou a determinação do Brasil e do Mercosul de avançar no acordo do bloco com a União Europeia. Merkel também defendeu as negociações nesse sentido. "Vou fazer o possível para que se possa dar um passo à frente".
Ambas também confirmaram o interesse em criar um instrumento de consultas entre os dois governos a partir do próximo ano, como informou o Valor, e a disposição de estimular a vinda ao Brasil de pequenas e médias empresas alemãs. Dilma indicou à chanceler alemã oportunidades de investimentos em infraestrutura e logística no país, e Merkel reconheceu "o enorme potencial" do Brasil. A chanceler também destacou que a cooperação entre Alemanha e Brasil em formação profissional pode ser aprofundada.
Em seu pronunciamento, Dilma afirmou que o Brasil quer "elevar e estreitar" parcerias com a Alemanha e relatou ter conversado com a chanceler alemã, entre outros temas, sobre os recentes anúncios de investimentos alemães no Brasil, sobretudo nas indústrias química e automobilística. Ao defender um aumento nas exportações do Brasil para aquele país, Dilma destacou que o país precisa ampliar os embarques de maior valor agregado.
Temas como mudanças na governança global, agenda de paz, segurança internacional e segurança das comunicações eletrônicas também estiveram na agenda. Merkel está no Brasil para acompanhar a estreia da seleção alemã na Copa do Mundo, hoje em Salvador. Sistemas de segurança em comunicações eletrônicas é um assunto que aproximou politicamente os dois países após as denúncias de espionagem por parte do governo dos Estados Unidos. O governo brasileiro avalia que há uma aproximação política e interesses econômicos "muito grandes" entre os dois países.
A resolução proposta em conjunto por Brasil e Alemanha no âmbito da ONU contra a espionagem americana é encarada como um dos principais "indicativos" de uma maior aproximação entre os dois países. Mas também são lembradas outras "posições semelhantes" em questões internacionais, como nos conflitos na Síria e na Líbia ou a tentativa de negociação de uma reforma do Conselho de Segurança da ONU.
É esse amadurecimento da relação que justifica a instituição, a partir de 2015 - preferencialmente durante uma visita oficial de Merkel ao Brasil -, de uma espécie de comissão de alto nível para que Brasil e Alemanha façam consultas mútuas periódicas, proporcionando "um formato de diálogo com mais fluidez". Conforme o governo brasileiro, o intercâmbio comercial entre Brasil e Alemanha atingiu US$ 21,7 bilhões em 2013. A Alemanha é o principal parceiro comercial do Brasil na Europa e o quarto parceiro comercial brasileiro no mundo.