04/03/16 10h54

Brasil discute parceria com União Europeia para desenvolver cidades inteligentes

Portal ABDI

Uma iniciativa para impulsionar a produtividade e o desenvolvimento de serviços e aplicações da “Internet do Futuro” poderá propiciar um salto tecnológico para o Brasil. Em reunião do Grupo de Trabalho para Desenvolvimento de Cidades Inteligentes, Humanas e Sustentáveis, na sede da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) no último mês, foi discutida a proposta de colaboração com a União Europeia para implantação da plataforma aberta “Fiware” no Brasil, sem custos ou royalties para o país.

Nesse contexto, a reunião também debateu o projeto de criação de “Núcleos Brasileiros para Desenvolvimento de Instituições e Soluções para Redes e Cidades”, sendo ainda discutidas as iniciativas que buscam integrar ações nas esferas governamentais, bem como parcerias com a União Europeia.

O projeto estimula o surgimento de um ambiente favorável para a produtividade e desenvolvimento de novas tecnologias de informação e comunicação para cidades e pode tornar o país líder global neste setor. “O papel da ABDI, neste cenário, é articular com ministérios e com a iniciativa privada as diretrizes que permitam a formação de um plano nacional para o desenvolvimento de cidades inteligentes e humanas”, frisou o diretor de Desenvolvimento Produtivo da ABDI, Miguel Nery.

Ele destacou que a proposta exigirá um trabalho desafiador e que contribuirá de maneira significativa para tornar as cidades brasileiras sustentáveis com sistemas modernos de gestão, não só do ponto de vista da prestação de serviços públicos integrados e eficientes, como também, transparentes na disponibilização de informações públicas aos cidadãos, que estarão cada vez mais conectados.
Segundo Nery, a iniciativa procura integrar as ações dos ministérios que formam o GT para que a indústria possa ter maior produtividade no desenvolvimento de tecnologias (de software, produtos e serviços), já preparadas para exportação, transformando a indústria nacional e as cidades brasileiras.

O encontro contou com a participação de representantes da Secretaria de Governo da Presidência da República; Ministérios do Planejamento; Cidades; Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; Ciência, Tecnologia e Inovação; BNDES; Sebrae; Apex, ABDI e da União Europeia.

Brasil parceiro ideal- O representante da União Europeia no Brasil, conselheiro Augusto de Albuquerque, elogiou o projeto proposto para o desenvolvimento de cidades inteligentes. Albuquerque explicou aos membros do Grupo de Trabalho o funcionamento da plataforma “Fiware” que está sendo ofertada gratuitamente ao país. Segundo ele, 75 cidades da Europa já adotam a plataforma.

“Quando conheci esse projeto liderado pela ABDI percebi seu potencial, pois há no Brasil uma oportunidade muito grande não só para desenvolver tecnologias, mas também para exportar esse conhecimento para outros países”, disse o representante da União Europeia.

Ele lembrou que o Brasil é um parceiro ideal para realizar esse trabalho em conjunto com a UE, porque é um dos líderes mundiais em softwares livres e possui ainda políticas públicas para o promover a aplicação e o desenvolvimento da plataforma.

Criação de Núcleos- O especialista da ABDI Carlos Frees responsável pelo projeto e pela coordenação do Grupo de Trabalho, conta que atualmente já existem no país polos tecnológicos preparados para atender esse desafio. “O Cecompi (Centro para Inovação e Competitividade do Cone Leste Paulista), parceiro do projeto, pode sediar o primeiro núcleo no Brasil”, sugeriu Frees.

Ele explica que já começaram a surgir demandas do “Fiware” em cidades como São Paulo, Uberlândia (MG) e Natal (RN). De acordo com o especialista, a iniciativa prevê a criação de núcleos brasileiros para o desenvolvimento de instituições e soluções para redes e cidades inteligentes e humanas, com base no fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e Eletroeletrônica existentes no Brasil.
“São 31 APLs identificados em todo o Brasil com a possível disseminação para mais de 300 cidades. Esse projeto vai além das questões tecnológicas e busca criar a demanda e capacitar os municípios, universidades, centros de tecnologias e empresas para aplicar e desenvolver tecnologias do futuro, com benefícios reais e imediatos para o cidadão e a sociedade”, destaca Frees.