08/09/08 10h41

Brasil deve ultrapassar a China na produção de celulose até 2012

Gazeta Mercantil - 08/09/2008

Há mais de duas décadas os Estados Unidos eram parâmetro para várias comparações econômicas. Da segunda metade dos anos 1990 para cá a China tornou-se o grande referencial, com potencial para roubar na próxima década o posto de maior economia mundial. Mas em um quesito, pelo menos, o Brasil deve superar esse gigante asiático. Até 2012 o País deve ultrapassar a China em produção de celulose, superando a marca de 18 milhões de toneladas produzidas anualmente e ocupando o terceiro lugar no ranking. Ainda este ano a fabricação da polpa será superior a da Suécia, de 12 milhões de toneladas, e, até o final de 2009, maior que a da Finlândia, de 13 milhões, dois dos mais tradicionais produtores mundiais da matéria-prima do papel. Altera-se, assim, a composição de forças mundiais neste setor. No pano de fundo deste cenário está a redução da competitividade do hemisfério norte - seja Europa ou América do Norte, que já responderam por boa parte do fornecimento da pasta, mas que hoje têm custos muito alto - e o acerto da aposta brasileira na fibra curta, especialmente vinda do eucalipto. A produtividade da planta deu ao Brasil uma larga vantagem competitiva frente a seus concorrentes. Na Ásia, há ainda produção de celulose a partir de outras fontes, como bambu e até casca do arroz. Em muitos casos de forma mais poluidora. As diferenças são grandes porque ao se obter mais em um mesmo espaço de terra, garante-se que não haverá necessidade de ampliação das áreas. As vantagens competitivas do País têm desencadeado investimentos bilionários de empresas como Aracruz Celulose, Suzano Papel e Celulose, Votorantim Celulose e Papel e Veracel, que somados chegam a US$ 16 bilhões. Parte destes recursos tem a forte ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que no último ano desembolsou R$ 1,9 bilhão (US$ 984,5 milhões), e em 2006 chegou a emprestar R$ 2,32 bilhões (US$ 1,1 bilhão) ao setor. Para este ano, estão previstos outros R$ 1,7 bilhão (US$ 1,04 bilhão), de acordo com os dados do banco.