22/07/10 10h57

Brasil deve investir US$ 30,9 bi em ferrovias

O Estado de S. Paulo – 22/07/10

Incrementado pela definição do edital de licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV) Campinas - São Paulo-Rio, o volume de investimentos no setor ferroviário deverá alcançar R$ 55,7 bilhões (US$ 30,9 bilhões) entre 2010 e 2013. A estimativa é do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que projeta financiar quase a metade desse montante: R$ 25,7 bilhões (US$ 14,3 bilhões). Segundo Dalmo Marchetti, gerente do Departamento de Transporte e Logística do BNDES, os investimentos do setor estacionados na casa dos R$ 4 bilhões (US$ 2,2 bilhões) por ano deverão subir para R$ 6 bilhões (US$ 3,3 bilhões) anuais a partir deste ano. Tirando os R$ 33 bilhões (US$ 18,3 bilhões) estimados para o TAV, o setor ferroviário de cargas deverá investir R$ 24,7 bilhões (US$ 13,7 bilhões) até 2013. Pelo levantamento de projetos do BNDES, cerca de 36% desses recursos irão para a expansão da malha atual de 29 mil quilômetros.

Para o técnico do BNDES, após as concessões privadas, no fim da década de 90, e o ciclo de investimentos em ganhos de produtividade, o setor ferroviário de cargas entra numa terceira fase de desenvolvimento a partir de agora. Embora a velocidade média ainda seja considerada baixa, as tarifas e o volume transportado por quilômetro têm subido, capitalizando as empresas para investir em expansão. Segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o volume transportado por trilhos entre 1997 e 2009 aumentou 77,4%. A projeção para este ano é de 280 bilhões de toneladas por quilômetro útil. Os investimentos nas malhas concedidas devem somar este ano R$ 2,86 bilhões (US$ 1,6 bilhão). "A produção do setor tem aumentado 7% ao ano ao longo da última década e o investimento cresce mais rápido, 15% ao ano. Com os projetos de expansão, essa taxa vai acelerar ainda mais", diz Marchetti.

O levantamento do BNDES estima que a as concessionárias participarão com 37% dos investimentos previstos. Já o governo, que quer expandir a malha para 40 mil quilômetros até 2020, deve contribuir com 20%. Quatro projetos da estatal Valec lideram a expansão da malha ferroviária: a Ferrovia Centro-Oeste, a Oeste-Leste, a ampliação da Norte-Sul, e a ligação Panorama-Porto Murtinho. Juntos, eles somam quase 10 mil quilômetros.  Os investimentos da Valec não terão financiamento do BNDES, mas o banco já apoia obras da iniciativa privada, como a Transnordestina e a expansão da Ferronorte. Deverá também financiar outros projetos em planejamento, como o Ferroanel de São Paulo, que contorna a região metropolitana. Até 2013, o BNDES projeta um crescimento de pelo menos 24% da malha atual.