Brasil dá aula de eficiência em energia renovável
Para o consultor Guilherme Nastari, a tecnologia vem mudando o agronegócio, que representa milhares de empregos na criação e desenvolvimento de energia renovável
Época NegóciosO Brasil é o país mais eficiente que produz energia renovável, pela capacidade de conduzir a produção e pela própria tecnologia”, afirma Guilherme Nastari, da Datagro. Diante de uma plateia atenta nesta quarta-feira (27/01) na Campus Party, o consultor mostrou em dados como a tecnologia mudou – e ainda está mudando – o cenário do agronegócio no país.
Começando pela questão da eficiência. O país possui 850 milhões de hectares, dos quais 320 milhões são utilizados, sendo 90 milhões de hectares para produção de alimento. Desse total, 20 milhões vão para a soja e 4,5 milhões para cana-de-açúcar. “E mesmo com isso, o Brasil é o maior produtor de açúcar do mundo, o maior produtor mundial de álcool e está entre os maiores produtores de etanol”, afirmou Nastari. “O Brasil tem o melhor programa, mais eficiente, de produção de etanol e uma tecnologia sem igual, 100% nacional”.
Em um momento em que o preço do petróleo atinge quedas históricas, abaixo dos US$ 30 o barril, muitos países voltaram a defender o uso do petróleo como fonte principal de energia – em detrimento do investimento em uma cadeia de energia renovável. Mas considerando as metas para o Acordo de Paris, de redução em 25% de emissões de gases, faz todo o sentido que o Brasil volte a investir mais em fontes renováveis.
“O Brasil é a escola de energia renovável no mundo. E começou não porque o povo queria salvar o mundo ou porque o mundo estava quente, mas porque queria encontrar uma fonte para substituir a energia que naquele momento estava cara, que era o petróleo”. O que se viu foi a criação do Proalcool, o desenvolvimento do etanol que levou a um modelo 100% brasileiro e ao surgimento da frota de carros flex, que utilizam tanto álcool quanto gasolina. Para Nastari, apesar de o país exportar essa tecnologia, deveria estar se beneficiando muito mais por apostar em uma alternativa aos combustíveis fósseis.
“O mundo deveria estar pagando para países como o Brasil alguma unidade monetária pelo fato de usarmos energia renovável”, defendeu. “Precisamos, como sociedade, definir o que é importante para a gente. Eu quero estimular o desenvolvimento de energia dentro ou fora do Brasil? E nisso a tecnologia tem um papel importante”.
Para o consultor, o agronegócio está se equipando mais e mais a ponto de, em alguns anos, tornar possível que o dono de uma fazenda saiba quando uma colheitadeira vai quebrar baseado apenas na temperatura e na produção. Hoje já há aplicativos e uso de dados de telemetria que mudaram o negócio, mas há espaço para muito mais. “Qual é o desafio? Descobrir qual será a tecnologia que vai pegar e que certamente terá uma pegada social maior. O setor privado precisa se estimular a desenvolver um mercado e o governo pode criar um ambiente para que esse produtor tenha a condição de suprir sua demanda”.