15/10/09 10h57

''Brasil crescerá 5% nos próximos anos''

O Estado de S. Paulo

O Brasil pode crescer a um ritmo de 5% por muitos anos, mas, para isso, é necessário que o próximo governo mantenha a inflação sob controle e estimule os investimentos. A visão é de Jim O'Neill, chefe de pesquisa econômica global do Goldman Sachs e famoso mundialmente por ter criado a expressão Bric - o grupo de grandes países emergentes formado por Brasil, Rússia, Índia e China, que estudos do Goldman Sachs previram que vai superar em PIB o G-7 (sete principais países ricos) antes de 2030. "Dependendo do que acontecer nas eleições, é possível que o Brasil possa crescer mais do que 5% por vários anos", disse O'Neill ontem numa entrevista à imprensa em São Paulo, parte de uma visita ao País, na qual esteve com cerca de 600 clientes do Goldman Sachs.

Para ele, o principal fator do sucesso atual do Brasil, e que deveria ser mantido pelo próximo governo, é "a inflação baixa e controlada, que está criando toda uma nova geração de cidadãos que podem planejar no médio e longo prazo seu consumo e investimento".

Em relação ao investimento, O'Neill citou um indicador de "ambiente para o crescimento" do Goldman, no qual três das fraquezas do Brasil, na comparação com a média de outros Brics e emergentes, são o baixo nível de investimento em relação ao PIB, o grande tamanho do Estado em relação ao PIB e a pouca abertura da economia.

Em relação à economia brasileira, ele disse que a capacidade do País de superar a crise era o teste que faltava para mostrar que merecia de fato fazer parte dos Brics. Quanto ao mercado acionário brasileiro, disse que ainda pode subir muito, embora esteja menos atraente do que estava no início da retomada de alta. O'Neill recordou-se de como, há dois anos, quando esteve no Brasil, ele tinha que justificar o tempo todo o "B" dos Brics. Agora, disse, "há um grau maior de confiança entre os brasileiros - certamente dos homens de negócio - sobre o Brasil do que em qualquer outro momento anterior em que eu tenha vindo aqui".