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Bosch barateia ABS para elevar consumo

Valor Econômico - 30/08/2007

A Bosch acaba de inaugurar a primeira fábrica de ABS - sistemas de antibloqueio de frenagem - do Brasil de olho no que aconteceu em outros países. Werner Struth, executivo que comanda a divisão em todo o mundo da companhia, maior fabricante mundial de autopeças, diz que não é exclusividade do brasileiro se preocupar mais com conforto e beleza do que com a segurança. Assim como tampouco se restringe ao mercado brasileiro a estratégia das montadoras de só vender o ABS em pacotes que incluem outros acessórios (como rodas de liga leve e CD player). No final dos anos 90, a Toyota decidiu colocar o ABS em todos os carros vendidos no Japão. "Isso mudou a estratégia de toda a indústria", afirma Struth. A reação simpática do consumidor à idéia da montadora japonesa acabou forçando as demais a incluir o ABS como item de série. Hoje 85% dos carros produzidos no Japão saem da fábrica com esse equipamento. Nos Estados Unidos e Europa Ocidental, o índice médio está em 90%. Na Coréia é de 64% e na China, mais de 50%. No Brasil, 13% dos carros licenciados no ano passado tinham esse equipamento. Percentual maior do que o da Índia, com 8%. Numa pesquisa feita pela Bosch no Brasil, os entrevistados entram em contradição. Todos acham importante ter um carro com equipamentos de segurança. Mas esses itens não estão nos carros que eles dirigem. À pergunta sobre o que o automóvel do entrevistado tem de acessório ou opcional, o CD player é o campeão, com 91% das respostas, seguido por vidros elétricos (76%), ar-condicionado (72%) e direção hidráulica (71%). O airbag apareceu em 33% das entrevistas e o ABS, em 30%. Para ele, porém, a tendência deve mudar no Brasil e nos demais países emergentes. A fábrica inaugurada ontem no complexo industrial de Campinas (SP) é a oitava da companhia no mundo. Em todo o planeta, somente essa divisão da Bosch responde por um faturamento anual de 2,9 bilhões de euros. Para incluir a nacionalização do sistema que antes importava a Bosch investiu R$ 25 milhões (US$ 13,3 milhões) numa linha que terá capacidade para produzir 250 mil unidades por ano.