25/06/10 10h18

Bosch avalia aquisições no Brasil e aposta no mercado doméstico

Valor Econômico

A Bosch, uma das maiores fornecedoras do mundo de componentes de alta tecnologia para a indústria automobilística, aposta sobretudo no mercado brasileiro para incrementar o faturamento gerado na América Latina nos próximos anos. No Brasil, a companhia avalia ainda oportunidades de aquisição, com a possibilidade de concretizar algum negócio até o fim do ano.

Independentemente de ir ou não às compras ainda em 2010, de acordo com o presidente da Robert Bosch América Latina, Andreas Nobis, a expectativa é a de que as receitas na região, neste ano, se aproximem dos níveis verificados em 2007, puxadas principalmente por autopeças, e pelas vendas no mercado brasileiro. As exportações, mais uma vez, devem perder espaço no faturamento, como parte da estratégia da companhia de cada vez mais reduzir a exposição ao mercado externo, principalmente em razão do câmbio.

Em entrevista concedida ao Valor no complexo da Bosch em Campinas, Nobis informou que a companhia planeja investir R$ 45 milhões (US$ 25 milhões) até o fim do ano em ativos fixos no país - nos últimos sete anos, os aportes superaram R$ 1 bilhão (US$ 556 milhões). Sobre as possíveis aquisições, preferiu não entrar em detalhes. No ano passado, o faturamento líquido do grupo no Brasil somou R$ 3,8 bilhões (US$ 1,93 bilhão), 20% abaixo do verificado em 2008, sem considerar a participação da BSH, joint venture com a Siemens para a área de eletrodomésticos - em 2009, a Bosch vendeu as operações da BSH no Brasil para a Mabe. O valor correspondeu a 88% dos R$ 4,3 bilhões (US$ 2,18 bilhões) faturados na América Latina, e a perspectiva é a de que o país mantenha fatia de cerca de 80% nos negócios regionais no médio e longo prazos.

A divisão de autopeças, que seguirá relevante para o faturamento global da companhia, deverá assistir a crescente participação das áreas de tecnologia industrial e bens de consumo. No ano passado, no Brasil, essa divisão foi responsável por 78% das receitas - considerando-se a operação latino-americana, a parcela é de 73%. Quanto ao destino dos produtos, acrescentou o executivo, as vendas da Bosch no mercado brasileiro em 2010 deverão compensar uma nova rodada de retração nas exportações, que representaram 21% do faturamento do grupo no Brasil em 2009, ante 29% no ano anterior. Na comparação com 2007, conforme projeção do grupo, as vendas da área automotiva devem mostrar expansão de 20% e as exportações, queda de 14%.