28/11/23 14h23

BorgWarner vai exportar controladores de baterias feitos em Piracicaba

Em 2024 empresa vai triplicar produção de módulos de controle para exportação aos Estados Unidos

Auto Data

A fábrica de sistemas de baterias da BorgWarner em Piracicaba, SP, inaugurada em fevereiro deste ano, recém-começou a produzir em série para fornecimento aos ônibus elétricos da Mercedes-Benz eO500U e já ganhou clientes no Exterior, o que garante a primeira ampliação da unidade. Um componente do sistema, o BMS, sigla em inglês para módulo de controle de baterias, começa a ser exportado para os Estados Unidos em 2024.

Marcelo Rezende, diretor para sistemas de baterias da BorgWarner no Brasil, observou que a exportação ampliará significativamente uma parte da fábrica no Interior paulista: “Com esta demanda adicional a planta de Piracicaba encerrará 2024 com duas linhas de produção do BMS e ampliará em cerca de três vezes o volume de produção atual do componente”.

Segundo ele o moderno sistema de produção adotado na fábrica fez toda diferença para vencer a concorrência internacional de exportação, pois entrega eficiência e competitividade de custos ao mesmo tempo em que garante alta qualidade.

A unidade brasileira pode se tornar um polo de montagem dos sistemas de gerenciamento de bateria: “Pretendemos desenvolver aqui um centro de competência para a produção do BMS nas Américas devido ao alto padrão de qualidade das linhas instaladas no País e a capacitação técnica da equipe local”.

Produção crescente

De olho na expansão do mercado de veículos comerciais elétricos no Brasil e motivada pelo contrato de fornecimento garantido para o chassi elétrico da Mercedes-Benz – que iniciou neste segundo semestre a produção do eO500U em São Bernardo do Campo, SP – a BorgWarner decidiu instalar no País a quarta fábrica de baterias da Akasol, empresa alemã adquirida pelo grupo em fevereiro de 2022.

“A BorgWarner segue o plano de estar sempre próxima de seus clientes e não seria diferente no caso das baterias, que são os componentes mais importantes dos veículos elétricos”, justificou Rezende. “A co-localização [com a Mercedes-Benz] facilita este processo e estimula o desenvolvimento de toda a cadeia local de fornecedores desse segmento.”

Por enquanto os dez meses de operação em Piracicaba se resumiram a fornecer sistemas de baterias para os primeiros cinquenta ônibus elétricos produzidos pela Mercedes-Benz e, para 2024, está prevista a entrega de quinhentas unidades para o cliente.

Como cada ônibus utiliza cinco packs de baterias a fábrica terminará seu primeiro ano com a produção de 250 unidades e planeja superar os 2,5 mil packs no segundo ano, mas a planta foi inicialmente planejada para produzir até 5 mil sistemas por ano para equipar de 1 mil a 1,2 mil veículos – equivalentes ao suprimento energético de 500 MW/h, suficientes para abastecer 250 casas por um ano.

As baterias produzidas pela BorgWarner são de alta densidade energética, específicas para veículos comerciais pesados, de 98 KW/h com tensão de 665 V e foram projetadas para 4 mil ciclos de recarga, o equivalente a oito a dez anos de durabilidade. Após a vida útil nos veículos, segundo Rezende, está planejado o reaproveitamento das baterias usadas em estações de recarregamento por mais oito a dez anos e, depois disso, mais de 85% do material pode ser reciclado.

Nacionalização

Segundo Rezende atualmente os packs vêm montados da Alemanha e aqui é feita a integração do sistema com componentes montados em Piracicaba: o BMS, o cérebro que controla o fluxo energético de todas as células da bateria, o DCU, que recebe a energia do carregador, e o Junction Box, caixa que integra os sistemas elétricos do veículo e suas baterias. Com o crescimento previsto da produção a unidade deve começar, em breve, a executar a montagem completa dos módulos.

O plano, diz o executivo, é aumentar gradualmente a localização do sistema: “Desde o início já tínhamos a meta de ampliar a nacionalização da montagem de baterias no Brasil, multiplicar por cerca de vinte vezes o faturamento da fábrica e quadruplicar o número de funcionários já em 2025”.

De acordo com o diretor a fábrica já tem dez fornecedores nacionais, que produzem no País partes metálicas, placas, conectores, cabos e peças de borracha. “Conforme a produção crescer, também aumentaremos a nacionalização do sistema”.

As células das baterias não são fabricadas pela Akasol, pois a divisão da BorgWarner concentra sua operação em produzir os módulos e todos os periféricos que compõem o sistema: “Compramos as células de fornecedores externos e se no futuro houver produção no Brasil, com lítio que já está sendo explorado, gostaríamos de poder comprar aqui”.

Mais clientes no horizonte

A BorgWarner trabalha com a expectativa de crescimento do mercado de veículos pesados elétricos em cerca de 400% até 2025. Além da Mercedes-Benz outro cliente das baterias Akasol na Europa, a Volvo, já iniciou testes no Brasil do seu ônibus elétrico BZL, por enquanto importado, mas com pretensão de ser produzido na fábrica de Curitiba, PR.

“Os ônibus elétricos estão puxando a eletrificação dos veículos no Brasil, principalmente pelo plano de São Paulo de eletrificar 20% da frota de transporte público da cidade até 2025”, afirmou Rezende. “Nós nos preparamos inicialmente para atender à demanda de um cliente mas também podemos fornecer a outros clientes de veículos comerciais. Já desenvolvemos novas baterias compactas para vans e se houver procura também poderemos fazer aqui.”

Com o crescimento do mercado de veículos elétricos também está sendo criada uma área para atender às necessidades de pós-venda das baterias: “A BorgWarner também tem peças, serviços e profissionais especializados no atendimento de aftermarket de nossos produtos elétricos, que é uma das nossas prioridades neste segmento que ainda é muito novo no mercado global”.

 

Fonte: https://www.autodata.com.br/noticias/2023/11/27/borgwarner-vai-exportar-controladores-de-baterias-feitos-em-piracicaba/65088/