BorgWarner vai exportar controladores de baterias feitos em Piracicaba
Em 2024 empresa vai triplicar produção de módulos de controle para exportação aos Estados Unidos
Auto DataA fábrica de sistemas de baterias da BorgWarner em Piracicaba, SP, inaugurada em fevereiro deste ano, recém-começou a produzir em série para fornecimento aos ônibus elétricos da Mercedes-Benz eO500U e já ganhou clientes no Exterior, o que garante a primeira ampliação da unidade. Um componente do sistema, o BMS, sigla em inglês para módulo de controle de baterias, começa a ser exportado para os Estados Unidos em 2024.
Marcelo Rezende, diretor para sistemas de baterias da BorgWarner no Brasil, observou que a exportação ampliará significativamente uma parte da fábrica no Interior paulista: “Com esta demanda adicional a planta de Piracicaba encerrará 2024 com duas linhas de produção do BMS e ampliará em cerca de três vezes o volume de produção atual do componente”.
Segundo ele o moderno sistema de produção adotado na fábrica fez toda diferença para vencer a concorrência internacional de exportação, pois entrega eficiência e competitividade de custos ao mesmo tempo em que garante alta qualidade.
A unidade brasileira pode se tornar um polo de montagem dos sistemas de gerenciamento de bateria: “Pretendemos desenvolver aqui um centro de competência para a produção do BMS nas Américas devido ao alto padrão de qualidade das linhas instaladas no País e a capacitação técnica da equipe local”.
Produção crescente
De olho na expansão do mercado de veículos comerciais elétricos no Brasil e motivada pelo contrato de fornecimento garantido para o chassi elétrico da Mercedes-Benz – que iniciou neste segundo semestre a produção do eO500U em São Bernardo do Campo, SP – a BorgWarner decidiu instalar no País a quarta fábrica de baterias da Akasol, empresa alemã adquirida pelo grupo em fevereiro de 2022.
“A BorgWarner segue o plano de estar sempre próxima de seus clientes e não seria diferente no caso das baterias, que são os componentes mais importantes dos veículos elétricos”, justificou Rezende. “A co-localização [com a Mercedes-Benz] facilita este processo e estimula o desenvolvimento de toda a cadeia local de fornecedores desse segmento.”
Por enquanto os dez meses de operação em Piracicaba se resumiram a fornecer sistemas de baterias para os primeiros cinquenta ônibus elétricos produzidos pela Mercedes-Benz e, para 2024, está prevista a entrega de quinhentas unidades para o cliente.
Como cada ônibus utiliza cinco packs de baterias a fábrica terminará seu primeiro ano com a produção de 250 unidades e planeja superar os 2,5 mil packs no segundo ano, mas a planta foi inicialmente planejada para produzir até 5 mil sistemas por ano para equipar de 1 mil a 1,2 mil veículos – equivalentes ao suprimento energético de 500 MW/h, suficientes para abastecer 250 casas por um ano.
As baterias produzidas pela BorgWarner são de alta densidade energética, específicas para veículos comerciais pesados, de 98 KW/h com tensão de 665 V e foram projetadas para 4 mil ciclos de recarga, o equivalente a oito a dez anos de durabilidade. Após a vida útil nos veículos, segundo Rezende, está planejado o reaproveitamento das baterias usadas em estações de recarregamento por mais oito a dez anos e, depois disso, mais de 85% do material pode ser reciclado.
Nacionalização
Segundo Rezende atualmente os packs vêm montados da Alemanha e aqui é feita a integração do sistema com componentes montados em Piracicaba: o BMS, o cérebro que controla o fluxo energético de todas as células da bateria, o DCU, que recebe a energia do carregador, e o Junction Box, caixa que integra os sistemas elétricos do veículo e suas baterias. Com o crescimento previsto da produção a unidade deve começar, em breve, a executar a montagem completa dos módulos.
O plano, diz o executivo, é aumentar gradualmente a localização do sistema: “Desde o início já tínhamos a meta de ampliar a nacionalização da montagem de baterias no Brasil, multiplicar por cerca de vinte vezes o faturamento da fábrica e quadruplicar o número de funcionários já em 2025”.
De acordo com o diretor a fábrica já tem dez fornecedores nacionais, que produzem no País partes metálicas, placas, conectores, cabos e peças de borracha. “Conforme a produção crescer, também aumentaremos a nacionalização do sistema”.
As células das baterias não são fabricadas pela Akasol, pois a divisão da BorgWarner concentra sua operação em produzir os módulos e todos os periféricos que compõem o sistema: “Compramos as células de fornecedores externos e se no futuro houver produção no Brasil, com lítio que já está sendo explorado, gostaríamos de poder comprar aqui”.
Mais clientes no horizonte
A BorgWarner trabalha com a expectativa de crescimento do mercado de veículos pesados elétricos em cerca de 400% até 2025. Além da Mercedes-Benz outro cliente das baterias Akasol na Europa, a Volvo, já iniciou testes no Brasil do seu ônibus elétrico BZL, por enquanto importado, mas com pretensão de ser produzido na fábrica de Curitiba, PR.
“Os ônibus elétricos estão puxando a eletrificação dos veículos no Brasil, principalmente pelo plano de São Paulo de eletrificar 20% da frota de transporte público da cidade até 2025”, afirmou Rezende. “Nós nos preparamos inicialmente para atender à demanda de um cliente mas também podemos fornecer a outros clientes de veículos comerciais. Já desenvolvemos novas baterias compactas para vans e se houver procura também poderemos fazer aqui.”
Com o crescimento do mercado de veículos elétricos também está sendo criada uma área para atender às necessidades de pós-venda das baterias: “A BorgWarner também tem peças, serviços e profissionais especializados no atendimento de aftermarket de nossos produtos elétricos, que é uma das nossas prioridades neste segmento que ainda é muito novo no mercado global”.