05/05/08 15h23

Bolsa quebra recorde à espera de avalanche de estrangeiros

DCI - 05/05/2008

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) rompeu a barreira dos 68 mil pontos no pregão de quarta-feira, após o anúncio de que o Brasil obteve o grau de investimento pela agência de classificação de risco Standard & Poor's. O Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, encerrou o dia na máxima histórica de 67.868 pontos, superior ao recorde anterior de 65.790 pontos, registrado em dezembro de 2007. A alta na bolsa paulista foi de 6,33%, a maior desde outubro de 2002, quando o Ibovespa subiu 6,34%. Na máxima do pregão de quarta, o índice chegou a marcar 68.037 pontos. O recorde de pontuação atingido na quarta-feira foi o primeiro do ano, mas o indicador ganha força para testar novas barreiras. Para a corretora Souza Barros, o Ibovespa poderia atingir até 78 mil pontos, mas com a concessão do grau de investimento, essa base pode chegar aos 85 mil pontos. "O grau de investimento traz maior credibilidade para o Brasil, aumentando o fluxo de capital externo. É claro que essa pontuação precisa ser reavaliada, mas acredito que o Ibovespa pode atingir ou até ultrapassar os 85 mil pontos", afirma o analista da corretora, Clodoir Vieira. Isso porque a pontuação é baseada no potencial de valorização de cada empresa, o que deve aumentar após a conquista do selo. Empresas como Petrobras e Vale do Rio Doce já obtiveram a chancela concedida pelas agências de avaliação de risco, as rating agencies. "A conquista do selo melhora o grau de risco das empresas brasileiras, facilitando a captação de recursos a taxas de juros menores", diz Márcia Dessen, sócia da consultoria Bankrisk. Segundo ela, o fortalecimento da Bovespa deve valorizar sensivelmente as ações das empresas brasileiras. No entanto, a volatilidade tende a permanecer durante o ano, sujeita às notícias do mercado externo e à crise norte-americana do subprime. Se hoje os investidores estrangeiros preferem as blue chips (ações de empresas de grande valor de mercado), a busca por maiores ganhos poderia motivar a procura por papéis que podem estar subvalorizados como, por exemplo, de empresas de segunda linha, as small caps, o que traria maior liquidez a esse mercado. O Brasil deve atrair grandes investidores institucionais, como fundos de pensão e soberanos de países desenvolvidos que, por causa das regras de seus estatutos, só podem aplicar em países considerados de baixo risco. As operações de arbitragem podem ser bastante vantajosas neste momento, em especial ao investidor estrangeiro, estimuladas pelo aumento na diferença entre a taxa de juros brasileira, hoje em 11,75%, e a norte-americana, atualmente em 2,0%. Enquanto o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduziu a taxa básica de juros na quarta-feira, o Comitê de Política Econômica (Copom) do Banco Central fez um recente aumento na Selic. No caso das empresas estrangeiras, a alternativa que surge com a chegada do selo é o investimento direto em fundos de private equity ou em obras voltadas à infra-estrutura, como rodovias e hidrovias. "Quando o México recebeu a chancela das agências de rating, teve um boom imobiliário, já que os bancos tiveram acesso a capital de longo prazo", diz o professor de macroeconomia José Luiz Rossi Junior, do Ibmec São Paulo.