04/06/09 14h20

Bolsa investe para atrair mais estrangeiros

O Estado de S.Paulo - 04/06/2009

A internacionalização dos negócios da bolsa brasileira foi uma das principais bandeiras da fusão entre a BM&F e a Bovespa, concluída há pouco mais de um ano. Agora, com os primeiros sinais de arrefecimento da crise, o projeto começa a ganhar fôlego. Até o fim do ano, a empresa pretende investir R$ 116 milhões (US$ 55,2 milhões) em tecnologia, ampliando e criando novos sistemas de acesso de investidores estrangeiros à bolsa. O valor é 30% maior do que o aplicado na área no ano passado. A estratégia vem ganhando impulso - e justificativa - adicionais nos últimos meses, com a volta dos estrangeiros ao mercado brasileiro.

O pontapé inicial do projeto de internacionalização ocorreu em setembro do ano passado. A BM&FBovespa conectou seu sistema de negociação com o da Bolsa de Chicago, a CME Globex, uma das maiores do mundo. Com isso, investidores dos dois mercados passaram a poder operar contratos futuros usando a mesma plataforma. O resultado da união, porém, só começou a aparecer há poucos meses, já que a parceria foi firmada duas semanas depois da quebra do banco Lehman Brothers, marco do agravamento da crise financeira global. Em maio, o volume de contratos negociados por meio do sistema integrado cresceu 150% ante abril.

Também no ano passado, a empresa passou a permitir que os investidores estrangeiros fizessem suas ofertas de compra e venda de ações diretamente no sistema eletrônico da BM&F - uma tecnologia conhecida como acesso direto ao mercado. Antes, as ordens de transação feitas por clientes internacionais tinham de ser intermediadas por uma corretora brasileira. Em julho, a mudança passará a valer também para o ambiente de negociação da Bovespa.

Além da inclusão do ambiente da Bovespa no sistema de acesso direto ao mercado, estão previstas, até o fim do ano, outras dez ações na área de tecnologia, com o objetivo de acelerar o projeto de internacionalização. A última delas prevê a criação de um portal único para operar nos dois ambientes (BM&F e Bovespa). Para suportar todas as mudanças, a empresa também investiu na ampliação da capacidade de processamento, que deve chegar a 1,5 milhão de negócios por dia no próximo semestre. Hoje, essa capacidade é de 750 mil por dia.

As melhorias, segundo o executivo, devem ampliar a participação dos estrangeiros nas negociações da bolsa. Hoje, esses investidores já respondem por um terço do volume total diário negociado na BM&FBovespa. "Antes, os estrangeiros tinham de enfrentar uma estrada esburacada. Agora, encontram um asfalto em boas condições", diz Vieira.