Boa perspectiva leva datacenters a investir em expansão
Valor EconômicoAs boas perspectivas para a computação em nuvem movimentam o segmento de datacenters no Brasil. De acordo com Sérgio Paulo Gallindo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), os aportes realizados pelos provedores de serviços nos últimos anos suportarão o crescimento. Ele lembra o estudo realizado pela Frost & Sullivan, que calculou em R$ 47 bilhões os projetos de investimentos em centros de dados entre 2013 e 2017. "Pela movimentação do setor, a cifra deve se confirmar", diz.
Um exemplo é a IBM, que inaugurou, no mês passado, o seu segundo datacenter dedicado à computação em nuvem no Brasil. A estrutura foi cravada na cidade de Jundiaí (SP). O investimento faz parte do portfólio de US$ 1,2 bilhão, aplicado desde 2014, em projetos de expansão de centros de dados em todo o mundo. A empresa já oferece serviços de nuvem no país, no datacenter sediado em Hortolândia (SP), concentrados nos projetos de grandes corporações.
"Sentimos a necessidade de inaugurar uma unidade dedicada à nuvem pública para acompanhar o avanço na demanda por este modelo no país", afirma Paschoal D'Auria, líder de serviços para nuvem da IBM Brasil. Entre os objetivos da IBM está o de democratizar ao máximo o serviço, trazendo para seu novo datacenter desde profissionais liberais até empresas de grande porte. "O negócio de nuvem pública só se justifica com alto volume."
No Brasil, uma boa parcela das empresas precisa de serviços especializados para embarcar de vez na digitalização. Para encorpar a oferta, a IBM apostou em parcerias com empresas de softwares e aplicativos, já adequados à nuvem. "Quem opta pela nuvem pública, adquire a aplicação. Quer ligar o computador e acessá-la, sem pensar na base tecnológica", comenta.
Em Campinas (SP), a Oracle também instalou um centro de dados dedicado à computação em nuvem, em agosto. A estrutura interliga o Brasil a uma rede de 19 datacenters que a empresa mantém em todo o mundo para dar suporte aos serviços. "A oferta será completa no Brasil, com infraestrutura, softwares e plataformas", diz Shawn Price, vice-presidente sênior para a área de computação em nuvem da Oracle.
Segundo ele, o crescimento global das receitas com nuvem na Oracle foi de 29% (em dólares), quando comparado o trimestre fiscal de junho a agosto de 2014 com o resultado apurado no mesmo período em 2015. "O Brasil é o principal mercado da América Latina e vai comandar os negócios na região", completa Price.
Os provedores nacionais também estão lucrando com a oferta de computação em nuvem. Na Ativas, a receita cresceu 20% no ano passado. "Em 2015, o avanço será ainda maior", afirma Daniel Magalhães, gerente de tecnologia e segurança da informação. Com cinco anos de operação e sediada no polo de TI de Belo Horizonte (MG), a Ativas também atua na área de consultoria para modelar a computação em nuvem nas empresas.
Magalhães explica que a adoção da nuvem é complexa para muitos segmentos, como mineração e agronegócio, com unidades distantes dos grandes centros urbanos e, portanto, fora do alcance das conexões rápidas para acesso à internet. "A computação em nuvem depende de conectividade, a composição de tecnologias envolve, em muitos casos, provedores locais de serviço de internet." Para ele, o desenho de projetos sob medida é um bom filão de atuação.
Segundo Gallindo, da Brasscom, a construção dos centros de dados alicerça a digitalização da economia brasileira. "É preciso manter o ritmo dos investimentos para garantirmos serviços a preços competitivos para as empresas", defende. Entre os desafios para atrair novas unidades estão o alto custo para construir um datacenter no Brasil. "Por aqui, a instalação é 42% mais cara do que nos Estados Unidos", diz. A questão tributária também é relevante, uma vez que os impostos consomem 21,7% do total do capital aplicado em um datacenter no país.