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BNDES vai medir capital intangível das companhias

Valor Econômico - 29/10/2007

O BNDES começará a medir a presença do capital intangível nas empresas para as quais empresta. O que se pretende é criar uma nota de classificação de risco baseada no peso do fator "inteligência" dentro das corporações. Este rating poderá beneficiar o cliente na análise de crédito feita pelo banco, reduzindo o custo de capital. Nesta classificação entram práticas de governança, treinamento de mão-de-obra, práticas de gestão, processos de relacionamento com clientes, design, software, tecnologia da informação, tratamento dos minoritários, P&D, marca e patentes, entre outros. Para implementar a novidade nas políticas operacionais, o banco desenvolveu junto com a Coppe/UFRJ uma metodologia para medir o capital intelectual no universo de seus tomadores de crédito. O resultado do trabalho BNDES/Coppe, inédito no país, vai ser apresentado no seminário "Avaliando os capitais intangíveis no Brasil", hoje e amanhã na sede do banco. A iniciativa do BNDES foi bem recebida por empresas de pequeno porte como a Genoa, da área de biotecnologia, estruturada em ativos intangíveis com destaque para P&D. "O que temos de tangível é muito pouco", disse Ana Paula Wirthmann, diretora financeira da empresa. A expectativa de Ana é que com a nota de risco do BNDES a Genoa possa ser mais valorizada no mercado financeiro e consiga abrir espaço para se capitalizar via fundos de venture capital. José Rogério Luiz, vice-presidente de gestão e relações com investidores da Totvs, que produz software de gestão e tem faturamento de quase R$ 500 milhões, prevê que a introdução dos intangíveis na análise de crédito do banco reforce a idéia de que não há risco de emprestar às companhias que tenham em sua composição mais capital intangível. A Genoa e a Totvs, junto com Embraer e Suzano, foram selecionadas para terem seus ativos intangíveis medidos pelo estudo do BNDES/Coppe. Elas são referências nacionais e até mesmo internacionais nessa área, como é o caso da Embraer, além de pertencerem a diferentes setores e terem portes diversos, o que as credenciou para um projeto-piloto. Cada uma foi visitada pelos pesquisadores e respondeu a um amplo questionário em 53 indicadores de qualidade que geraram relatórios e um Plano de Ação para o futuro.