18/05/07 10h55

BNDES terá juro menor para empresas com projetos de inovação

Valor Econômico - 18/05/2007

O cenário de maior crescimento da economia brasileira não será suficiente para elevar os gastos das empresas em pesquisa e desenvolvimento (P&D). O país precisa, de fato, criar um consenso de que sem adotar a inovação como foco de sua estratégia de inserção no mercado internacional, perderá oportunidades importantes, como as que estão colocadas na área de software (serviços de tecnologia da informação) e etanol, entre outros. E se perder essas oportunidades, perderá espaço como fornecedor mundial de bens e serviços. Essa foi a conclusão da quinta sessão de debates do XIX Fórum Nacional, organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae). O reconhecimento de que o Brasil precisa, com urgência, desse foco na inovação, veio de próprios membros do governo que participaram da sessão de debates. E eles mesmos fizeram propostas para superar a dispersão de esforços nessa área e o baixo volume de recursos públicos nela alocados. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse que o banco deve, em breve, reduzir as taxas de juros cobradas de empresas que desenvolvem projetos inovadores, e a equipe do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) defendeu a formação de um fundo público para apoiar projetos de inovação com juro zero. A política de inovação, avalia Coutinho, precisa ter caráter setorial, regional e também patrimonial, pois em muitos setores a escala será fundamental para garantir o aumento dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Além de juros menores, o BNDES estuda alterar a forma de conceder financiamento para inovação. Em vez de exigir garantias reais, o banco pode "quebrar paradigmas" e buscar outras formas pelas quais os tomadores de financiamentos para inovação possam dar alguma segurança ao banco. O diretor do Ipea, João Alberto Negri, defendeu a tese de que investimento em inovação, posteriormente, se transforma em investimento produtivo e mais crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). Segundo ele, a pesquisa que vem sendo feita e atualizada pelo Ipea há oito anos (e que reúne um banco de dados de 24 mil indústrias com mais de 30 empregados e que representam 85% do valor adicionado da indústria brasileira) indica que as empresas que investem em inovação, também investem 17% mais que as demais e crescem 21% mais que a média.