01/05/10 11h01

BNDES recebe reforço e poderá emprestar mais US$ 20 bilhões

Folha de S. Paulo

O governo autorizou reforço no caixa do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que permitirá elevar em R$ 36 bilhões (US$ 20 bilhões) a capacidade de financiamento da instituição. Dois decretos publicados ontem no "Diário Oficial da União" anteciparam operações de troca de ações entre o Tesouro Nacional e estatais que resultaram em R$ 4 bilhões (US$ 2,2 bilhões) extras para o caixa do banco. A cifra será usada para financiar projetos. As linhas de financiamento do BNDES costumam ter prazos mais longos e taxas mais baixas que as praticadas em bancos privados. Os empréstimos são usados em investimentos para estimular o crescimento da economia e a criação de empregos.

O BNDES já anunciou a participação em grandes projetos de investimento no Brasil. A instituição financiará 80% da construção da hidrelétrica de Belo Monte, orçada em R$ 19 bilhões (US$ 10,6 bilhões). O banco também criou linhas de crédito especiais para as obras da Copa de 2014 e vai financiar obras do PAC. Segundo o coordenador de participações societárias do Tesouro, Charles Carvalho Guedes, o número de operações previstas pelo banco demandou um reforço no caixa. Guedes nega que o banco tenha problemas no recurso usado para garantir os empréstimos. Segundo ele, o Índice de Basileia do BNDES -indicador de segurança para a capacidade de financiamento- é de 17,5%. As normas internacionais exigem um mínimo de 11%.

O governo usou engenharia financeira para poder chegar ao montante adicional. O Tesouro transferiu ao BNDES R$ 2,7 bilhões (US$ 1,5 bilhão) que tinha em créditos com a Eletrobras. Esses recursos fazem parte de um total de R$ 4,7 bilhões (US$ 2,6 bilhões) repassados da União para a Eletrobras no final de 2009 como adiantamento de um futuro aumento de capital da empresa. Poderá garantir financiamentos de R$ 27,3 bilhões (US$ 15,2 bilhões). Com a operação, o Tesouro vai trocar ações da Eletrobras por papéis do Banco do Brasil de posse do BNDES. A operação representará ao banco um acréscimo de R$ 1,3 bilhão (US$ 722 milhões) ao capital de referência e uma elevação de R$ 11,7 bilhões (US$ 6,5 bilhões) na capacidade de empréstimo.