28/04/08 08h50

BNDES planeja criar superfarmacêutica a partir de alianças

Folha de S. Paulo - 28/04/2008

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) articula a criação de uma superfarmacêutica nacional, que poderia ser viabilizada a partir da fusão de grupos nacionais que atuam no setor. O banco não divulga nomes, mas afirma que está intermediando conversas entre empresas. A lógica tem semelhanças com o modelo de criação da supertele nacional: o banco tem interesse em entrar como sócio da empresa e assegurar poder de veto a operações que poderiam resultar na desnacionalização da companhia. O objetivo do BNDES é criar uma empresa com faturamento de R$ 2 bilhões (US$ 1,14 bilhão) a R$ 3 bilhões (US$ 1,71 bilhão), com envergadura suficiente para investir fortemente em inovação, tanto em melhoria de medicamentos como em desenvolvimento de novas drogas. Isso pode contribuir também para reduzir o déficit da balança comercial do setor, uma das mais elevadas. A opção preferencial do banco é a de se tornar acionista minoritário nos novos empreendimentos, com 20% a 30% do capital. O banco defende a criação de uma empresa 100% nacional, mas admite a hipótese de associação, em fatia minoritária, com uma empresa estrangeira, desde que ela traga tecnologia de ponta para o país. Em 2007, o déficit da balança comercial de medicamentos foi de R$ 2,775 bilhões (US$ 1,44 bilhão) e o de farmoquímicos (insumos na produção de farmacêuticos), de R$ 1,327 bilhão (US$ 687,6 milhões). O Profarma (Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica), lançado em 2004, foi reformulado no ano passado. Com vigência até 2012 e orçamento de R$ 3 bilhões (US$ 1,71 bilhão), o programa vai focar mais em inovação. A partir de uma definição do Ministério da Saúde de itens estratégicos normalmente importados, seria possível fomentar a produção de novos medicamentos no país.