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BNDES libera linha de crédito de US$ 4,2 bilhões para a Vale

Gazeta Mercantil - 02/04/2008

Com um programa de investimento de quase US$ 60 bilhões previsto para os próximos cinco anos, a Companhia Vale do Rio Doce recebeu ontem um reforço de R$ 7,3 bilhões (US$ 4,2 bilhões) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O presidente da maior produtora de minério de ferro do mundo, Roger Agnelli, informou que a intenção é utilizar a linha de crédito - a maior já liberada na história do banco para uma empresa - apenas em projetos no Brasil. O executivo informou, no entanto, que negocia com bancos de investimento chineses, japoneses e europeus outras linhas semelhantes, para financiar a expansão de projetos no mercado asiático. O programa de investimentos da companhia prevê desembolsos de US$ 58,9 bilhões até 2012. Agnelli fez questão de esclarecer que os recursos deverão financiar o que classificou de crescimento orgânico da Vale, sem incluir aquisições de outras empresas. Para este ano, os desembolsos da Vale vão somar US$ 11 bilhões, dos quais US$ 2,96 bilhões no exterior. Os recursos financiados pelo BNDES só poderão bancar a parcela prevista para o Brasil. Agnelli confirmou que os desembolsos da mineradora incluem empreendimentos não só de minério de ferro - o carro-chefe da companhia -, mas também 18 projetos para o desenvolvimento de jazidas de níquel e cobre, além da produção de alumínio. Com relação ao cobre, Agnelli justificou que a demanda pelo produto tende a se acentuar, proporcionalmente à expansão não só de projetos de energia, mas também de construção. Malsucedida na tentativa de adquirir a mineradora suíça Xstrata, a Vale, de acordo com o executivo, deverá se concentrar em investimentos que contribuam para expandir a capacidade produtiva da companhia. O executivo admitiu, porém, voltar a conversar com a Xstrata caso surja uma nova oportunidade de aquisição. O financiamento do BNDES faz parte de uma linha denominada limite de crédito, com a qual o banco também contemplou outros sete grandes grupos nacionais. Além da petroquímica Braskem, do grupo Odebrecht, que recebeu R$ 600 milhões (US$ 342,9 milhões), o banco também concedeu empréstimos para os grupos Gerdau (R$ 900 milhões/US$ 514,3 milhões); Ultra (R$ 728 milhões/US$ 416 milhões); Copesul (R$ 338 milhões/US$ 193,1 milhões); Usiminas (R$ 900 milhões/US$ 514,3 milhões); Klabin (R$ 827 milhões/US$ 472,6 milhões); e Elekeiroz (R$ 117 milhões/US$ 66,9 milhões). O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, justificou a modalidade de crédito como um instrumento mais ágil de financiamento. Por essa linha, afirmou, o banco não precisa analisar as operações caso a caso. Com prazo de 10 anos para amortização, e cinco para desembolso, a linha de crédito prevê 20% de remuneração pela variação da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e 80% pela variação do câmbio.