26/01/10 14h22

BNDES espera que indústria invista até 20% mais neste ano

O Estado de S. Paulo

A resiliência do Brasil diante da crise econômica em 2009 permitirá que o País enfrente um eventual "segundo mergulho" com ainda mais facilidade. A análise foi feita ontem, em Paris, pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, a uma plateia de políticos europeus e sul-americanos, acadêmicos e investidores, reunidos para o 2º Fórum Econômico América Latina-Caribe. Para o executivo, parte do otimismo ante uma eventual curva de crescimento em "W" se deve à confiança dos industriais, cujos investimentos, estima, crescerão entre 15% e 20% neste ano.

Coutinho foi uma das atrações do seminário, promovido pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), com apoio do Ministério da Economia da França, que focou três temas: ajuda à reconstrução do Haiti, combate à crise e aumento dos investimentos em educação, pesquisa e desenvolvimento de produtos na América Latina.

Segundo Coutinho, a reação brasileira à quebra do banco de investimentos americano Lehman Brothers, em setembro de 2008, foi "tão eficaz" que "permitiu reforçar muito a confiança da economia brasileira nela mesma". ''Se vier um double deep (mergulho duplo) na economia mundial, nós já sabemos como poderá ser superado. Será muito mais fácil. A gente sabe como é, sabe que tem capacidade de superar", disse. "Isso fortaleceu muito a confiança interna, e projetamos para o futuro uma expansão vigorosa do investimento privado." Coutinho afirmou que o governo vai estimular o investimento privado para aumentar a capacidade produtiva. "Queremos fazer com que o investimento privado cresça no mínimo 15%, idealmente 20% em 2010", disse.

Em dezembro, o BNDES projetava uma taxa de investimentos "ideal" próxima de 24%, de forma a garantir o crescimento do PIB entre 5,5% e 6% neste ano. Ele afirmou ainda que o governo estimulará o "aumento do esforço doméstico de poupança", além de impulsionar o mercado de capitais e o desenvolvimento do crédito bancário privado. As medidas têm como objetivo evitar que "o financiamento do desenvolvimento repouse só sobre os ombros do BNDES".