29/11/13 10h34

BNDES cria fundo de R$ 186 milhões para inovação

Valor Econômico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) assinou, ontem, no Rio, a criação do segundo fundo de capital semente Criatec. Com recursos de R$ 186 milhões, o fundo é voltado para o desenvolvimento de micro, pequenas e médias empresas com alto índice inovador, e que atuem principalmente nas áreas de agronegócios, biotecnologia, tecnologia da informação, novos materiais e nanotecnologia.

Durante o evento que oficializou o novo fundo, o presidente do banco, Luciano Coutinho, afirmou que o lançamento do segundo Criatec "explicita a estratégia que o BNDES vem seguindo, cada vez mais articulada, de promover inovação na indústria, serviços e agronegócio".

Uma das estratégias do BNDES, ao desenvolver o apoio a empresas nascentes por meio de fundo, foi abrir a possibilidade de participação do investidor privado e do mercado de capitais. Por enquanto a adesão foi apenas de bancos de fomento, sendo 67,74%, ou R$ 126 milhões, originários do BNDES e 16,12% (R$ 30 milhões) do Banco do Nordeste. O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Badesul e Banco de Brasília (BRB) ficaram com 5,37% (o equivalente a R$ 10 milhões) de participação cada.

Há expectativa, contudo, que investidores-anjo possam atuar como co-investidores. Segundo o diretor da área de mercado de capitais do banco, Julio Ramundo, houve uma reunião na semana passada com 30 investidores-anjo interessados no Criatec 2. Coutinho também vê amadurecimento no mercado para esse tipo de investimento, mesmo que haja mais riscos associados do que em um fundo de private equity, por exemplo.

"Existem indícios de que há um mercado em formação para investir em empreendimentos nascentes. Acredito que, com o tempo, o mercado vai se desdobrar da mesma forma que se desdobrou no sistema de venture capital. Temos hoje a condição de estimular um número grande de fundos e conseguiremos, talvez na área de capital semente, replicar a experiência e abrir mais o guarda-chuva para também mobilizar novos investidores", afirmou o presidente. O BNDES já investe, hoje, R$ 700 milhões em fundos de capital semente e venture capital.

Ao longo dos próximos quatro anos, 36 empresas serão selecionadas para o Criatec 2, podendo receber, inicialmente, aportes de R$ 2,5 milhões cada, com a possibilidade de outros R$ 3,5 milhões em uma segunda rodada.

O volume liberado para cada empresa e o valor total do fundo são superiores ao observado no Criatec 1. Lançado em 2007, o primeiro fundo tinha R$ 100 milhões em recursos, e distribuiu R$ 1,5 milhão por companhia, sem possibilidade de novo aporte.

O número de cotistas também era menor. Os recursos do primeiro Criatec eram majoritariamente do BNDES (80%), e o restante era do Banco do Nordeste. "O Criatec 2 é um passo maior, com mais recursos e parceiros, o que nos dá mais conforto", disse o presidente do BNDES.

Segundo o chefe do departamento de fundo de investimento do BNDES, Leonardo Pereira, o banco não deve demorar tanto tempo para lançar uma nova fase do Criatec. A terceira edição do fundo deve ser anunciada no início do ano que vem, com áreas complementares às que serão atendidas pelo Criatec 2. O recurso total para essa terceira fase do fundo de apoio à inovação está estimado entre R$ 180 milhões e R$ 200 milhões.

Pereira espera, ainda, que resultados mais concretos de estímulo ao investimento em capital semente comecem a ser sentidos em dois ou três anos. Nesse mesmo horizonte, em função de todas as iniciativas que têm surgido, o banco estima que o mercado brasileiro de investimento em venture capital e capital semente seja de R$ 300 milhões a R$ 400 milhões por ano.

"Pelo menos nos próximos cinco anos vai ter muito recurso disponível para venture capital e capital semente", afirmou o chefe do departamento de fundo de investimento do BNDES. De fato, os primeiros efeitos do fundo Criatec 1 já estão sendo sentidos. Das 36 empresas apoiadas, cinco estão entre as mais inovadoras do país. Segundo o banco de fomento, as 36 companhias investem 20% de sua receita em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e crescem, em média, 40% ao ano.

A expectativa do banco para a terceira edição do fundo é que já haja participação do mercado privado. "Quando materializarmos o resultado do Criatec 1, conseguiremos investidores de mercado para o Criatec 3", afirmou Ramundo, diretor do BNDES.