14/09/09 10h38

BNDES busca novas fontes de financiamento

Valor Econômico

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quase quintuplicou o volume de empréstimos entre 1997 e 2008, tornando-se um dos maiores bancos de desenvolvimento do mundo. No ano passado, emprestou R$ 92,2 bilhões (US$ 50,4 bilhões) e, neste ano, até julho, já havia liberado R$ 75,1 bilhões (US$ 40,6  bilhões) - deve fechar 2009 com desembolso total de R$ 131 bilhões (US$ 70,8 bilhões).

Apesar da exuberância da carteira de crédito, fontes permanentes de financiamento do BNDES, como os recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) estão secando, o que poderá comprometer os desembolsos nos próximos anos. Os recursos provenientes de renda variável, resultado dos investimentos do banco em ações, minguaram na segunda metade de 2008 e ao longo de 2009, como efeito da crise internacional. Outras fontes, como o Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND), também estão se retraindo.

No ano corrente, a demanda está sendo atendida graças ao empréstimo de R$ 100 bilhões (US$ 54,1 bilhões) feito pelo Tesouro Nacional, em meio à crise financeira internacional. No ano passado, o banco também recorreu ao Tesouro e a outras fontes, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Para fazer frente à demanda, especialmente em 2010 e 2011, a instituição negocia com o governo um novo reforço financeiro, mas ainda não há decisão sobre como isso será feito. Reabre, também, o debate sobre a possibilidade de criação de mais uma fonte de recursos, de caráter permanente, para ajudar o banco.

A demanda, principalmente de recursos para projetos de infraestrutura, com prazos longos de maturação, é crescente. Desde 1995, primeiro ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o BNDES vem destinando mais recursos para infraestrutura. No governo Lula, essa tendência tomou novo impulso - em 2008, o banco emprestou o equivalente a 1,2% do PIB para esse setor, face a 0,25% do PIB em 1995. Cerca de 40% dos empréstimos programados para 2009 são para obras de infraestrutura. "Há uma necessidade forte de longo prazo. Por exemplo: usinas hidrelétricas do rio Madeira, Belo Monte, trem de alta velocidade, petróleo e gás, Copa do Mundo", explicou Ferraz.

As dificuldades de financiamento do BNDES, agravadas pelo crescimento acelerado dos desembolsos nos últimos anos - de 10,7% ao ano, em termos reais, entre 1995 e 2005, para 18,8% entre 2005 e 2008 -, reabrem o debate não apenas sobre a necessidade de injetar recursos na instituição, mas também sobre o seu papel numa economia de juros baixos e mercado de capitais em evolução.