BNDES abre linha de exportação para defesa

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou a criação de nova linha de crédito específica para países interessados em comprar da indústria brasileira de defesa e segurança. A intenção é flexibilizar as condições de financiamento para fazer frente às taxas praticadas por outros países.

O banco poderá financiar até 100% do valor total do projeto e conceder empréstimos com prazos longos, como 25 anos, afirmou a presidente Maria Silvia Bastos Marques. O BNDES pretende flexibilizar mecanismos de garantias e trabalhar com "nível equalização maior" das taxas de juros.

A executiva afirmou que o BNDES não tem um limite pré-fixado de quanto poderá ser destinado à indústria brasileira de defesa. Segundo ela, o valor de cada financiamento dependerá de cada caso. "Não temos restrição de orçamento, depende da demanda."

Maria Silvia destacou que existe uma estimativa preliminar no setor de que as exportações brasileiras possam atingir US$ 35 bilhões nos primeiros 20 anos. A linha estará disponível assim que houver o primeiro pedido e que as novas condições podem valer já para uma potencial exportação da aeronave KC-390, da Embraer.

Segundo Jackson Schneider, presidente da Embraer Defesa e Segurança, braço da companhia na área de indústria de defesa, a empresa negocia com dez países, em "diferentes estágios de conversas", e espera fechar este ano o primeiro contrato de fornecimento internacional de aeronaves desse modelo.

Na próxima semana, o BNDES anunciará o início do compartilhamento, com outros bancos, de garantias de contratos de financiamento de projetos em período de "pre-completion" [antes da conclusão de obras]. A medida, disse Maria Silvia, é mais uma iniciativa de fomento à retomada dos projetos de infraestrutura e pretende agilizar a obtenção de garantias.

"Estamos estabelecendo condições, por exemplo, para que, se o consórcio de bancos privados estender garantias de pelo menos 40% do valor do projeto, aceitaremos compartilhá-las. Estamos flexibilizando outras coisas também, que vão tornar esse processo mais fácil ", disse. Ela já havia adiantado a adoção da medida em entrevista ao Valor, no dia 20 de março.