22/01/10 10h27

Biotecnologia põe bactérias na mira de investidores

Valor Econômico

O que você acharia de, em vez de aplicar em ações, imóveis, títulos públicos e debêntures, colocar seu dinheiro em bactérias? Estranho? Pois é isso que um grupo de investidores decidiu fazer. Por meio do fundo de investimento JB Venture Capital, os fundos de pensão Postalis (Correios), Petros (Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal), a Banco do Brasil Investimentos, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e uma pessoa física estão investindo R$ 15 milhões (US$ 8,7 milhões) para comprar uma participação na SuperBac, uma "fabricante" de 8 mil tipos de bactérias.

A diversificação de portfólio desses investidores pode parecer um tanto esdrúxulo à primeira vista, mas, para eles, essas bactérias representam hoje uma chance de ganhar dinheiro no futuro. "Enxergamos que todas as indústrias vão passar por uma revolução a partir da introdução da biotecnologia", afirma Peter Jancso, da Jardim Botânico Investimentos, companhia responsável pela gestão do fundo JB Venture Capital.

O negócio da SuperBac é identificar e reproduzir bactérias que possam ser usadas em processos industriais ou até em tarefas do dia a dia de forma sustentável. "Não inventamos nada. Tudo já foi fabricado pela natureza. Apenas descobrimos quais bactérias conseguem tratar resíduos e viabilizamos o uso delas pelas pessoas", diz Luiz Chacon Filho, fundador da SuperBac.

Entre as descobertas de Chacon, um administrador de empresas vindo de uma família de biólogos, está um xampu para cachorros que economiza água porque retira a gordura da pele mais facilmente. Ou um produto de limpeza que, depois de deixar os vidros brilhando, não leva resíduos químicos poluentes para o ralo. Isso porque a faxina é feita por bactérias. "São elas que comem a sujeira", explica ele. Como são inofensivas, ao cair no esgoto, elas não poluem. No segmento industrial, a SuperBac desenvolveu pias que limpam peças de carro cheias de graxa sem poluir, por meio de um circuito fechado. Montadoras como Volkswagen, Audi e Mitsubishi alugam essas pias da empresa de biotecnologia.

Uma das áreas pelas quais os investidores têm interesse é a de produtos agrícolas. No lugar de usar defensivos ou adubos químicos, a SuperBac desenvolve produtos à base de bactérias. Mas a ideia não é concorrer com as multinacionais bilionárias que fazem produtos agrícolas químicos. Nem com outras indústrias. Segundo Chacon, a SuperBac quer se tornar uma fornecedora dessas companhias.

Atualmente, a produção da SuperBac é feita em duas fábricas no exterior: a Bio-Green Planet, nos Estados Unidos, e a Live Systems Technology, na Colômbia. Em ambas, ela detém 10% de participação. De acordo com o crescimento da demanda, o plano de Chacon é erguer uma unidade no Brasil.