22/03/10 10h33

Bilionário sueco chega ao Brasil de olho em países emergentes

Valor Econômico

A recuperação econômica dos Estados Unidos e da União Europeia é "frágil" e é mais fácil ser otimista com as perspectivas do Brasil, China e Índia no médio prazo. É o que sinaliza Marcus Wallenberg, da influente família sueca que controla multinacionais em setores financeiro, telecomunicações, bens de consumo, farmacêutico, além do construtor de jatos de combate que concorre à venda para a Força Aérea Brasileira (FAB). Em entrevista ao Valor, Wallenberg falou de sua expectativa de ainda conseguir convencer o governo Lula a comprar o jato sueco. Ele alertou para o impacto da enorme taxa de desemprego dos países ricos sobre o consumo e os investimentos e ameaças de protecionismo no comércio global. A Investor, a holding familiar, tem portfólio de investimentos de US$ 20 bilhões em dezenas de empresas, com retorno de 18% no ano passado. A família Wallenberg não só domina a economia da Escandinávia, como amplia seus interesses no resto do mundo.

O empresário é o peso pesado da delegação empresarial sueca que acompanha o rei Carl Gustaf XVI e a rainha Silvia na visita ao Brasil a partir de quarta-feira. Wallenberg incorpora na viagem o papel de patrão da Saab, que tenta vender o jato de combate Gripen para a FAB (Força Aérea Brasileira) na concorrência com o francês Dassault e a americana Boeing. Informado das notícias do dia no Brasil, de que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, aconselhará o presidente Lula a bater o martelo em favor do avião francês, Marcus Wallenberg não se desarmou. "O que sabemos oficialmente é que continuamos discutindo, melhorando nossa oferta", disse o empresário. "Temos o melhor preço, a melhor tecnologia, melhor termo de compensação e de financiamento. Vai ser interessante estar no Brasil agora".

A Saab é uma das novas apostas da família. Já tinha 19,8% da companhia e comprou recentemente outros 10,25% que pertenciam ao gigante britânico de defesa BEA por US$ 300 milhões. Outros 8,8% da companhia estão sob o controle de fundações Wallenberg. E a obtenção do contrato junto à FAB é considerado essencial, apontam analistas em Estocolmo. Certo mesmo é que a família Wallenberg parece pronta a apostar firme no Brasil nas mais diversas áreas. Companhias onde investe e de fato controla, como Electrolux, Ericsson, Atlas, "tem todas resultados muito positivos" no Brasil. A Investor nota que ABB, AstraZeneca e Ericsson deram globalmente retorno abaixo da média do mercado.

Relatório da Investor destaca que o mapa econômico global foi redesenhado e países como China, Índia e Brasil "não são mais economias emergentes, e sim motores de crescimento já estabelecidos". Por sua parte, Marcus Wallenberg é apenas um pouco menos enfático. "O Brasil tem dado passos de gigante, com disciplina fiscal e crescimento. Todos os países no mundo estão expostos aos movimentos cíclicos dos negócios, isso não vai desaparecer, mas o Brasil é um dos que definitivamente soube se sair bem, se tornar motor do crescimento e espero que essa robusta política econômica continue".