BG Group e FAPESP lançam centro de pesquisa em gás
Valor EconômicoA BG Group e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) lançam hoje o Centro de Pesquisa para Inovação em Gás Natural, com investimento total de aproximadamente R$ 76 milhões até 2020, com o objetivo de desenvolver projetos com aplicação real na indústria, como na exploração das reservas do pré-sal.
O centro, que terá sede na Universidade de São Paulo (USP), será coordenado por Julio Meneghini, professor da Escola Politécnica da USP, e por Alexandre Breda, gerente de Projetos Ambientais da BG Group.
"Esse centro tem uma composição de usos para a BG, aplicações diretas, como por exemplo nas emissões de gases nas nossas operações, uma tecnologia que a companhia poderá incorporar", afirmou Giancarlo Ciola, Gerente de Parcerias para P&D e Inovação do BG Group.
O centro será dividido em três grandes programas de pesquisa, nos setores de engenharia, físico-química e política energética e economia, explicou o professor Meneghini. "A ideia é conseguir aumentar a participação do gás natural na matriz energética e também uma sinergia entre gás natural e fontes renováveis, para mitigar a emissão dos gases causadores do efeito estufa", afirmou Meneghini.
Essa expansão do gás natural é vista positivamente pela BG Group, que terá a oportunidade de aumentar o mercado consumidor no Brasil, disse Ciola.
Além de estudar soluções para melhorar a eficiência no uso do gás natural na geração de energia em termelétricas, o centro vai focar projetos para aumentar o uso do gás, como na indústria petroquímica. "Queremos descobrir caminhos e processos para transformar o gás natural em outros produtos, através de processos químicos e biológicos", afirmou Meneghini.
Um dos projetos, por exemplo, visa utilizar o bagaço da cana na produção de biogás, que poderia ser transformado em gás e injetado na rede das distribuidoras, explicou o professor da USP.
"A BG pode não fazer uso da matéria-prima, como no caso do uso na indústria petroquímica, mas vai ganhar porque o mercado de gás vai ficar maior. Direta ou indiretamente, haverá uma série de benefícios para os negócios ligados ao centro", disse Ciola.
A logística do transporte do gás natural do pré-sal ainda é um desafio, enquanto os dutos submarinos que o governo do Estado de São Paulo pretende construir com esse fim não ficam prontos. Uma alternativa é estudar motores híbridos que funcionem a gás natural e possam ser usados pelas frotas de navios da BG Group, explicou Ciola.
Uma preocupação dos responsáveis pelos projetos é incentivar essa fonte de energia que é menos poluente que outros combustíveis fósseis. "O gás natural tem um papel fundamental na transferência de uma economia baseada em combustíveis fósseis para uma baseada em renováveis", afirmou o professor Meneghini.
A Fapesp vai desembolsar R$ 27 milhões em investimentos até 2020 no centro. A BG Group, por meio da BG Brasil, vai entrar com R$ 30 milhões, enquanto a USP entrará com R$ 19 milhões em contrapartidas não financeiras.
O prazo inicial do centro é até 2020, mas há a possibilidade de expandir os estudos em outro período de cinco anos. Além disso, os responsáveis ainda buscam novos parceiros, que poderão investir no centro e ampliar os projetos.