Belarina investe R$ 200 milhões
Valor EconômicoA Belarina Alimentos, produtora de farinha de trigo criada em 2010, planeja investir R$ 200 milhões em três anos para a construção e modernização de moinhos no Brasil. As unidades de Curitiba e Cuiabá serão reformadas até o próximo ano, e um novo moinho será montado para substituir a unidade atualmente alugada em Santo André (SP).
A construção do novo moinho já foi iniciada, em Iperó (SP), e deve começar a operar em dois a três anos. O presidente da Belarina, Gonzalo Correa, espera dobrar a capacidade de moagem da empresa, que atualmente é de 200 mil toneladas anuais, em até sete anos.
Correa estima que a empresa cresça 15% este ano. "Ano que vem, devemos crescer ainda mais, com a maior produtividade dos moinhos", diz.
Há um ano, o conglomerado americano Seaboard Coporation comprou 50% da Belarina, por US$ 17 milhões. A outra parte da empresa pertence ao grupo brasileiro de agronegócios Cantagalo General Grains (CGG), que tem como acionistas a Coteminas e a japonesa Sojitz Corporation.
A Seabord atua em diversas áreas da agropecuária no mundo, incluindo moagem de trigo e milho na África e na América Latina. A companhia tem capital aberto na Bolsa de Nova York e registrou receita líquida de US$ 6,67 bilhões no ano passado.
Correa é equatoriano, de 50 anos, e está no cargo desde setembro de 2013, quando a Seabord se tornou acionista. O executivo acumula experiência de mais de 18 anos no mercado de alimentos e, antes de vir para o Brasil, era presidente da Moderna Alimentos, empresa formada em 2008 pelo conglomerado americano no Equador, com atuação no mesmo segmento da Belarina.
A Belarina tem 150 produtos destinados a padarias, indústrias e alimentação fora do lar. Além de farinha de trigo, a empresa vende
massas e mistura para bolo das marcas Belarina, Guth, Buquê e Fornada. A empresa fatura cerca de R$ 200 milhões e tem três centros de distribuição, em Queimados (RJ), Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG). A empresa, com sede em São Paulo, tem 480 funcionários.
A atuação da Belarina está concentrada no Paraná e nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Segundo Correa, o foco da empresa serão sempre os grandes clientes, como estabelecimentos comerciais e indústrias. O consumo de farinhas de trigo dentro dos lares responde por cerca de 7% do mercado, segundo o executivo.
As padarias são os principais clientes da Belarina. O aumento da renda, o crescimento populacional e a urbanização impulsionam o setor de panificação, que está cada vez mais profissionalizado, diz Correa. "Há estudos que mostram que, com a melhora do rendimento familiar, as pessoas preferem consumir pão a arroz e feijão."
O Brasil terá safra recorde de trigo este ano, de 7,5 milhões de toneladas. Correa observa o aumento da capacidade local e a necessidade de investir para aumentar a produtividade e nivelar a qualidade. "O padeiro precisa ter certeza da farinha vai receber", diz.
Os especialistas também defendem a possibilidade de títulos com correção pelo dólar. "Como o preço de vários produtos agrícolas é definido de acordo com as cotações em bolsas internacionais, seria uma forma de 'hedge' (proteção) natural para o produtor", diz Buranello. A criação de uma norma paras as ofertas de CRA seria importante ainda para definir de forma clara o que pode ou não ser usado como lastro para os recebíveis, segundo o advogado.