BB anuncia apoio ao setor automotivo com desembolso de R$ 3,1 bi até o fim do ano
Mas injeção de recursos pode chegar a R$ 9 bi, se programa for estendido a outros segmentos. Com os R$ 5 bi da Caixa, estímulos podem chegar a R$ 14 bi
O GloboO Banco do Brasil anunciou nesta quarta-feira acordos com entidades representativas do setor automotivo para apoio a fornecedores do setor, com desembolso de R$ 3,1 bilhões até o fim de 2015. O apoio do banco poderá se estender a "uma ampla gama de setores produtivos", o que poderá levar a “desembolsos da ordem de R$ 9 bilhões”, informou a instituição em comunicado à imprensa.
Somado aos R$ 5 bilhões em linhas de crédito e de capital de giro com condições especiais ao setor automotivo anunciados pela Caixa Econômica Federal nesta terça-feira, o valor de recursos a serem liberados para estimular o setor produtivo pelos dois bancos públicos pode ficar entre R$ 8,1 bilhões e R$ 14 bilhões até dezembro.
O BB, maior banco por ativos do país, afirmou ainda que a ideia é ajudar montadoras e fabricantes de peças automotivas a pagar dívidas com credores. O setor vive grave crise nas vendas, com anúncio de demissões e suspensão na produção.
Os anúncios de criação das linhas especiais estão entre os motivos para as ações do setor bancário registrarem queda significativa nesta quarta-feira. Para analistas, voltaram as preocupações sobre o uso de bancos públicos para estimular a economia, elevando a percepção de ingerência política. Os temores, porém, acabam tendo efeito sobre os bancos privados, que podem se ver pressionados pelos rivais estatais. Os papéis preferenciais (PNs, sem direito a voto) do Itaú Unibanco caem 2,01% e os do Bradesco recuam 2,80%. No caso do Banco do Brasil, a queda é de 4,48%.
As condições diferenciadas oferecidas pela Caixa poderão ser usadas por todas as empresas do setor, mas o banco promete taxas menores para os empresários que se comprometerem a não demitir.
As linhas de financiamento terão recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e do BNDES. Para quem assumir o compromisso de manter o quadro de trabalhadores atual, as taxas de juros para capital de giro e investimento serão de 0,83% ao ano com prazo de 60 meses e carência de até seis meses para início do pagamento das prestações.
Uma outra linha de crédito, com taxa de juros de 1,41% ao ano, será destinada a antecipações de contratos firmados entre fornecedores e a montadora ou sistemista. A garantia utilizada será o próprio contrato já firmado e o fornecedor poderá antecipar recursos para auxiliar na gestão do fluxo financeiro. Os prazos, conforme a Caixa, vão variar de acordo com o contrato.
A Caixa irá fornecer ainda um linha de crédito do Programa Pró-Transporte para renovação de frota, com taxas de juros máximas correspondentes à Taxa Referencial (TR) mais 9% ao ano e até 96 meses para pagar, a depender do projeto a ser financiado. O convênio prevê ainda o financiamento de máquinas e equipamentos novos e usados com taxas de 1,5% ao mês + TR. A carência é de seis meses e os prazos vão até 60 meses.
As linhas pretendem ajudar as empresas a cumprirem os compromisso de fim de ano, como, por exemplo, o pagamento do 13º salário. A Caixa, contudo, não tem o poder de obrigar as empresas a manterem os funcionários, nem como fiscalizar as firmas em relação à folha de empregados.