10/10/07 11h27

Basf entra na corrida em busca da cana transgênica

Valor Econômico - 10/10/2007

 Seguindo o caminho traçado pela multinacional Monsanto, pioneira no desenvolvimento de transgênicos, a alemã Basf decidiu investir no desenvolvimento de variedades de cana transgênica. A empresa, que desde 1999 realiza no Brasil experimentos com uma variedade de cana resistente a herbicidas do grupo das imidazolinonas, negocia acordo com institutos de pesquisa para desenvolver no país variedades geneticamente modificadas de cana-de-açúcar. "A BPS [Basf Plant Science] busca junto a institutos brasileiros genes que ofereçam tolerância a herbicidas, aumento de produtividade e resistência a estresse hídrico", afirma Ademar de Geroni Júnior, gerente de cultivos de cana da Basf. Conforme o executivo, a empresa já desenvolve pesquisas com herbicidas em parceria com institutos de pesquisa brasileiros, como o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e a CanaVialis (da Votorantim Novos Negócios). Segundo apurou o Valor, as negociações já estão em estágio avançado e devem ser concluídas neste mês. Tadeu Andrade, diretor do CTC, de Piracicaba (SP), afirma que o instituto vem sendo assediado por várias companhias multinacionais voltadas à biotecnologia. Todas interessadas em fazer parcerias em cana-de-açúcar, de olho no mercado de biocombustíveis. Detentor de genes da cana por conta dos trabalhos desenvolvidos no seqüenciamento genético da matéria-prima, o CTC é alvo de disputa entre as multinacionais interessadas em entrar neste mercado. No final deste mês, o CTC vai lançar seis novas variedades de cana-de-açúcar convencionais. O anúncio está todo sendo cercado de cuidados para não atiçar a concorrência. Essas novas variedades são mais produtivas e também oferecem resistência à seca, diz Andrade. O atual período de estiagem compromete a produtividade da cana, em fase de desenvolvimento nas lavouras. Desde que se tornou independente da Copersucar, em 2005, o CTC lançou nove variedades. Na área de transgênicos, as pesquisas do CTC estão avançadas, mas ainda se limitam ao laboratório, uma vez que os testes em campo ainda não foram liberados pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).