03/05/11 11h42

Barueri sedia Cidade de Negócios

Valor Econômico

Com uma pasta recheada de documentos, plantas, aprovações e alvarás, além de uma apresentação mais amigável de um projeto de 250 mil m2 a quatro quilômetros de Alphaville, Manfredo Costa Neto, diretor da consultoria Cushman & Wakefield, está batendo à porta de grandes corporações. Fez um minucioso levantamento e constatou que 80 empresas sediadas no Brasil - dos mais variados setores - ocupam mais de 10 mil m2 com suas equipes administrativas. Essas companhias estão divididas em 361 espaços físicos diferentes. "Desse grupo, 60% estão em espaços ineficientes, divididos em vários locais e em prédios antigos, com contratos de aluguel caros."

Seu papel é convencer qualquer parcela desse grupo a se mudar para um único e, até bem pouco tempo, inusitado endereço - a 30 km do centro de São Paulo. A Cushman foi contratada pela Servape, empresa familiar que atua na região há mais de 30 anos, para encontrar grandes ocupantes para o que batizou de "Cidade de Negócios de São Paulo". Com um investimento total calculado em R$ 1,6 bilhão (US$ 1 bilhão), incluindo recursos de terceiros, serão erguidas nove torres comerciais, um hotel, um centro de convenções e um shopping para atender os funcionários, em uma área de 250 mil m2, no km 30 da rodovia Castello Branco, a quatro quilômetros de Alphaville.

O grupo Servape é uma empresa criada em 1975 pela família de Rubens Garcia Nunes. Aos 87 anos, Nunes está no negócio, tocado pelo filho Milton Nunes, mais como investidor do que como gestor propriamente. Segundo Leonardo Nunes, neto de Rubens, há um grupo de investidores fechados para investir com a empresa os R$ 250 milhões (US$ 156,3 milhões) necessários à primeira etapa, que terá hotel e centro de convenções. A segunda fase, prevista para este ano, contempla a construção de duas torres comerciais. A exemplo do avô, Nunes fez toda a sua carreira no mercado financeiro - parte no Citibank - e entrou no negócio recentemente para levantar recursos para a Altta, subsidiária criada para tocar o maior projeto da Servape. O hotel sai na frente como chamariz para as empresas. A Servape está em fase de assinatura de contrato com uma bandeira de hotéis internacional, a qual colocará recursos na obra, e o centro de convenções será administrado pelo Transamérica Eventos. Por estar próximo da Arena Barueri, que será usada para treinamento de jogos na Copa, o hotel pode usar uma linha especial do BNDES, que financia até 80% da obra.

O grupo está disposto a convencer os potenciais ocupantes com um preço competitivo. Pretendem cobrar cerca de R$ 45 (US$ 28) o metro quadrado de aluguel, contra uma média de R$ 100 (US$ 62,50) em SP e de R$ 65 (US$ 40,63) nos prédios novos de Alphaville. A concorrência é alta. A região de Alphaville e Tamboré terá mais de 700 mil m2 de prédios comerciais de alto padrão até 2014. Em suas visitas, o diretor da Cushman mostra a economia que uma empresa grande pode ter ao se estabelecer em um único espaço, com um aluguel nessa faixa de preço. Por enquanto, Amil, Philips e Redecard já se transferiram para lá e outras empresas avaliam seguir a mesma rota. Ainda que os funcionários nem sempre aprovem a mudança. Estar fora de Alphaville está virando vantagem. "Não será preciso enfrentar o trânsito local ou da marginal pedagiada", diz Victor Athié Simão, diretor da Altta.