17/08/10 17h14

Banda H vai exigir investimento de US$ 3 bi, calcula Nextel

Valor Econômico – 17/08/10

A Nextel, controlada pela NII Holdings, vai apostar nos serviços de terceira geração da telefonia celular (3G) para disputar assinantes no mercado de telefonia móvel. A companhia definiu sua estratégia para tentar vencer o leilão da faixa de radiofrequência da banda H, previsto para ser realizado até o fim do ano. A Nextel mantém em sigilo qual será o lance, mas adianta que a proposta, se for a vencedora, exigirá investimentos superiores a R$ 5,3 bilhões (US$ 3,03 bilhões). "O que a empresa pretende investir em 3G é mais do que investiu no país nos últimos dez anos", afirma o presidente da companhia, Sérgio Chaia.

De acordo com o executivo, parte dos recursos seria arcada pela própria NII Holdings e outra parte viria de financiamento de bancos que atuam no mercado brasileiro. A empresa recorreria ainda ao próprio caixa para financiar o investimento. A Nextel atua como empresa limitada no Brasil e não divulga detalhes sobre seu fluxo de caixa. No ano passado, a direção da companhia informou ter alcançado faturamento de R$ 3,2 bilhões (US$ 1,62 bilhão), com aumento de 30% na receita em dólares e de 39% no valor em reais. Em número de clientes, a expansão foi de 37%, para 2,7 milhões.

No primeiro semestre, a Nextel recebeu US$ 207 milhões em investimentos da matriz, recurso usado para expandir a capacidade da sua rede atual, que atende a 2,9 milhões de clientes - o valor não inclui projetos na área de tecnologia 3G. A Nextel do Brasil responde por 65% dos investimentos da matriz. Em 2009, a NII Holdings fechou o ano com lucro operacional de US$ 4,4 bilhões e lucro líquido de US$ 381 milhões. O grupo tem um perfil de endividamento de longo prazo, com um saldo de empréstimos de US$ 3,49 bilhões, dos quais US$ 1,3 bilhão são em em títulos de dívida de longo prazo, US$ 1,2 bilhão em debêntures conversíveis, US$ 350 milhões em notas conversíveis classificadas como dívidas de curto prazo, US$ 641 milhões em empréstimos de curto prazo. A companhia encerrou o ano com caixa consolidado de US$ 2,5 bilhões e já anunciava em seu resultado fiscal que tinha como meta para 2010 usar parte desses recursos para implantar redes 3G nos mercados onde atua.

De acordo com Chaia, a Nextel tem hoje alguns dos melhores indicadores de performance do setor. O tempo médio de contrato dos clientes é de sete anos e o gasto médio por usuário é de US$ 55 ao mês, três vezes maior que a média obtida pelas teles. No primeiro semestre, a empresa ampliou o número de clientes em 200 mil, para 2,9 milhões de usuários, e registrou expansão do faturamento em 33% comparado ao mesmo período de 2009.

Com a licença para operar os serviços de 3G, a Nextel não ficaria restrita a serviços direcionados apenas a empresas e profissionais liberais e passaria a disputar assinantes no mercado de telefonia móvel. A frequência é fundamental para a expansão da companhia e oferta de banda larga móvel. Chaia observa que atualmente o mercado de banda larga móvel não chega a representar 15% do mercado potencial no Brasil. "O leilão da banda H poderá proporcionar uma expansão significativa das operações da companhia", diz o executivo.