08/06/10 10h13

Bancos reforçam crédito para pequena empresa

O Estado de S. Paulo

Com o nível de mortalidade em queda e bons índices de pontualidade no pagamento, as micro e pequenas empresas têm despertado o interesse do mercado financeiro. Aos poucos, elas estão resgatando a confiança dos bancos e se tornando um investimento de menor risco, o que facilita a captação de crédito. As micro e pequenas representam 99,2% das empresas brasileiras, geram 60% dos empregos e respondem por 30% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). E é de olho nesse mercado que os grandes bancos anunciam contratações, elaboração de áreas específicas para empresas de pequeno porte e a criação de novos produtos. "Esse mercado é um grande negócio e os bancos estão certos nessa aposta", diz Ricardo Tortorella, diretor-superintendente do Sebrae.

Entre os grandes bancos de varejo, o Santander tem uma das estratégias mais agressivas para abocanhar um maior número de clientes desse perfil. A previsão de Ede Viani, diretor da área de pequenas empresas do Santander, é dobrar a base de clientes para 1 milhão até 2012. Ao final de março, o total de empréstimos do Santander alcançava R$ 139,9 bilhões (US$ 77,7 bilhões), dos quais 22% eram para empresas de pequeno e médio porte. A expectativa para este ano é crescer o nível de empréstimo em 25%. O Bradesco, por sua vez, aposta na inovação para atrair novos micro, pequenos e médios empresários para a carteira de 1,1 milhão de clientes desse nicho. A intenção é oferecer mais produtos pela internet. Até março, a carteira de crédito do Bradesco era de R$ 235 bilhões (US$ 130,6 bilhões), sendo R$ 68 bilhões (US$ 37,8 bilhões) para micro, pequenos e médios empresários. O Itaú Unibanco não pretende fazer novas contratações para enfrentar a concorrência mais acirrada. Hoje, a base de clientes formada por micro, pequenos e médios empresários chega a 1,5 milhão.

Para o gerente de indicadores de mercado da Serasa Experian, Luiz Rabi, o interesse do setor financeiro pelas micro e pequenas empresas se explica basicamente por dois fatores: elas foram e estão sendo menos prejudicadas pela crise porque concentram seus negócios no mercado interno; e, com o crescimento, estão conseguindo melhorar sua imagem e se tornarem tomadoras de empréstimos mais confiáveis. A última pesquisa da consultoria mostrou que a saúde financeira dessas empresas nunca esteve tão bem. No primeiro quadrimestre, 94,4% dos pagamentos foram pontuais (à vista ou com até sete dias de atraso). "Os bancos começaram a perceber que o risco das micro e pequenas empresas não é tão grande." Entre janeiro e abril deste ano, a procura por crédito foi 13,9% entre empresas de menor porte.