Banco do Povo Paulista amplia em 85% o acesso de empreendedores negros à linha de crédito
No mês da Consciência Negra, levantamento mostra crescimento da concessão de créditos à população afro no Estado de SP
Secretaria de Desenvolvimento Econômico de SPO programa de microcrédito produtivo Banco do Povo Paulista (BPP), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), destinou R$ 7,8 milhões em créditos a empreendedores negros (pretos e pardos) no estado de São Paulo, por meio da linha Empreenda Afro, no período de janeiro a outubro de 2024. Este número representa um aumento de 85% nos microcréditos concedidos em comparação ao mesmo período do último ano.
Desde a criação da linha, em 2023, foram beneficiados 786 negócios, com um desembolso total de mais de R$ 12,9 milhões. O acesso ao crédito é facilitado e tem condições diferenciadas se comparado a outras linhas.
Tereza de Jesus, de 75 anos, foi uma das beneficiadas pelo programa e tem uma história de superação. Moradora de Embu das Artes, na Região Metropolitana, trabalhou até os 71 anos de idade como empregada doméstica, mas decidiu empreender e abrir sua loja boutique há cerca de 4 anos. “Eu sou aposentada e estudei até a quarta série. Morava na roça, mas quando cheguei em São Paulo comecei a trabalhar em casa de família”, explica.
A ex-empregada doméstica ressalta a importância do microcrédito na sua ascensão profissional: “O Banco do Povo me ajudou demais. Sem o crédito eu não teria condições. Como eu, que era doméstica, poderia conseguir montar uma loja bonita? Eu realmente não teria possibilidade”, complementa.
A motivação principal para ela empreender foi pensando em ajudar sua filha, que sempre foi vendedora, mas teve que se afastar da função por causa de uma depressão. Atualmente, com a loja de roupas, a filha retomou o ofício. “Ela voltou a fazer o que gosta, que é estar com as pessoas e trabalhar com vendas”, conclui Tereza.
Outro caso de superação está na história de Eduardo Almeida, de 56 anos. Filho de pais semianalfabetos, ele cresceu enfrentando obstáculos criados pela desigualdade social. Com muito esforço, se formou em Engenharia de Produção Mecânica e, após trabalhar em um instituto que desenvolvia medicamentos, sentiu vontade de criar um negócio que auxiliasse na prevenção de doenças por meio da alimentação nutritiva.
“O negro, muitas vezes, não tem condições para começar a empreender, não tem recursos iniciais. No meu caso, o empréstimo do Banco do Povo foi o ‘pontapé’ que precisava com um rápido processo de liberação do dinheiro. Esse apoio financeiro reduz anos de dificuldades”, afirma Eduardo.
Marilene Lima, de 44 anos, é mais um case de transformação. Moradora da capital paulista, fez do seu hobby de costura uma maneira de garantir renda e montar o próprio negócio graças à linha do Banco do Povo. Agora, um dos seus desejos é ajudar outras pessoas negras com geração de oportunidades. “Uma das minhas ambições é fortalecer o afroempreendedorismo por meio da geração de renda e trabalho proporcionados por novos negócios”, comenta.
Desafios
Os negros representam 51% dos empreendedores no Brasil, conforme indica o boletim “Empreendedorismo Negro no Brasil: Superando Desafios e Construindo o Futuro”, realizado pelo Sebrae. Apesar do número expressivo, o estudo aponta desafios significativos, um deles está relacionado à dificuldade no acesso ao crédito.
Nesse sentido, a linha Empreenda Afro foi pensada para fomentar o empreendedorismo negro no estado de São Paulo. “Precisamos oferecer mecanismos que contribuam para que a população negra possa prosperar com o próprio negócio. Linhas de crédito são fundamentais neste processo. É uma diretriz do governador Tarcísio de Freitas estimular o empreendedorismo, pois é um caminho potente que gera renda e emprego para nosso estado”, afirma Jorge Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico.