16/01/13 11h08

Avanço da tecnologia está mexendo no emprego e nas cadeias de suprimentos

Folha de S. Paulo - ARTIGO

ARTIGO: MICHAEL SPENCE recebeu o Prêmio Nobel de Economia, é professor de economia na Escola Stein de Administração de Empresas, Universidade de Nova York e pesquisador sênior na Hoover Institution.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

As novas tecnologias, somadas à globalização, estão afetando de maneira poderosa a gama de opções de emprego disponíveis para os indivíduos, tanto nos países em desenvolvimento como nos avançados - e em diferentes níveis de educação.

As inovações tecnológicas não estão apenas reduzindo o número de empregos de rotina mas também causando mudanças nas cadeias e nas redes globais de suprimentos que resultam na transferência desses postos de trabalho para os setores econômicos abertos ao comércio internacional, em muitas economias.

A substituição de trabalhos braçais rotineiros por máquinas e robôs é uma tendência poderosa na indústria e na logística. No segmento de processamento de informações, redes de computadores substituem os empregos rotineiros de colarinho branco.

Mas o impacto não para por aí. A mesma categoria de tecnologias que automatiza, elimina intermediários e reduz custos de operações remotas permite a criação de cadeias e redes globais de suprimento mais complexas e geograficamente sofisticadas.

Os elos nessa cadeia incluem não apenas produtos intermediários e operações de montagem como também a crescente gama de serviços (pesquisa e desenvolvimento, manutenção e assistência técnica, assistência ao consumidor etc.), com a queda nos custos das transações, comunicação e coordenação.

O resultado é algo que às vezes leva o nome de "atomização" das cadeias mundiais de suprimentos: subdivisões cada vez mais estreitas são viáveis, com maior eficiência e possibilidade de localização em quase qualquer parte.

A proximidade ainda importa em termos de custos logísticos e de transporte. Mas, visto que os emergentes são os novos grandes mercados e respondem pela maior parte do crescimento mundial, a lógica que propele a "atomização" deve se provar cada vez mais convincente.

A decomposição eficiente e continuada das cadeias e redes de suprimento e serviços mundiais tem duas consequências correlatas.

Primeiro, a porção da economia mundial exposta ao comércio internacional -na qual a concorrência pela atividade econômica e empregos é direta- está se tornando parcela maior do todo; e o mesmo vale para as economias individuais.

Segundo, partes das cadeias globais de suprimento que não eram competitivas deixaram de estar protegidas pela proximidade a porções mais competitivas. Adjacência não é mais necessidade.