05/11/10 16h06

Avança costura para criação da Unicitrus-SP

Valor Econômico

Lair Antonio de Souza está de volta aos holofotes citrícolas. Aos 81 anos, o empresário participa ativamente das articulações para a criação de uma entidade capaz de aglutinar as demais associações que representam produtores de laranja em São Paulo e apresentar posições comuns nas negociações com as indústrias de suco, estimuladas a partir da criação do Consecitrus. Idealizado como um ambiente no qual citricultores e indústrias possam tratar de questões que vão desde os preços de fornecimento da fruta para a fabricação da commodity até ameaças fitossanitárias aos pomares, o Consecitrus recebeu aval das partes em reunião no dia 25 de outubro na Secretaria da Agricultura de São Paulo, Estado que responde por 80% da produção nacional de laranja e abriga as principais companhias exportadoras (Cutrale, Citrosuco, Citrovita e Louis Dreyfus).

Esses quatro players dominam as vendas externas do país, que deverão render US$ 2 bilhões em 2010 e continuar a representar uma fatia de 85% das exportações mundiais de suco de laranja, segundo o estudo "O retrato da Citricultura Brasileira", coordenado por Marcos Fava Neves, professor da FEA/USP. Por outro lado, os pomares paulistas ocupam pouco mais de 620 mil hectares, com 164,2 milhões de árvores adultas produtivas (incluindo o Triângulo Mineiro). Na frente agrícola, ainda são mais de 10 mil produtores. Espalhadas as peças em um tabuleiro marcado pela queda da demanda internacional por suco de laranja na última década, Souza tenta colaborar para as que representam os produtores de laranja na nova "Unicitrus-SP", que reuniria representantes da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp). As três participaram das conversas que precederam a assinatura do protocolo de intenções para a criação do Consecitrus.

Pela proposta que está sendo apresentada por Souza às entidades que representam os citricultores, a "Unicitrus-SP" seria constituída por produtores rurais (pessoas físicas e jurídicas) e após consenso de pelo menos 51% dos citricultores paulistas, e a divisão de forças para a votação dos conselheiros (seriam 11, além de 11 suplentes) levaria em conta o número de pés de laranja representado. "O Consecitrus não pode ser um órgão político. É preciso critérios técnicos para as decisões que serão adotadas", diz.