08/05/09 14h36

Atividade industrial cresce após cinco meses de queda

Folha de S. Paulo - 08/05/2009

O uso da capacidade instalada da indústria brasileira (utilização do total de suas máquinas e equipamentos) voltou a crescer em março, após cinco meses seguidos de queda. Segundo a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a indústria trabalhou com 78,7% da sua capacidade, o maior patamar deste ano. Apesar da recuperação, o indicador está abaixo dos patamares recordes do ano passado, antes da crise. Em março de 2008, por exemplo, a indústria operava com 83% da capacidade.

Os indicadores da CNI mostram desaceleração na queda das vendas. O faturamento da indústria subiu 2,9% ante fevereiro, segunda alta seguida nessa comparação. Em relação ao mesmo mês do ano passado, houve queda de 1,6%. Apesar de negativo, o resultado é o melhor desde outubro, último mês em que houve crescimento. No trimestre, a queda acumulada foi de 7,6%. Desde janeiro, o resultado no ano vem sendo o pior da série histórica da CNI, iniciada em 2003. A queda é menor, no entanto, do que a redução acumulada até fevereiro, que era de 10,9%.

O emprego caiu 0,7% em relação a fevereiro -quinta queda seguida. Na comparação com março do ano passado, a queda foi de 2,5%. No trimestre, houve recuo de 1,4%. Os dois dados mais recentes são os piores da série histórica. Também houve redução nas horas trabalhadas, de 0,2% ante fevereiro; 6,6% sobre março; e de 7,4% no trimestre. Os indicadores também mostram uma desaceleração na comparação entre o fim do ano passado e o primeiro trimestre de 2009. Nessa comparação, o faturamento está 3,4% abaixo do final de 2008; as horas trabalhadas são 5,6% menores; e o emprego recuou 2,6%.

No caso da capacidade instalada, a média do trimestre está 2,6 pontos percentuais abaixo. Para a CNI, os dados de março ainda não apontam uma nítida recuperação do setor, mas indicam uma estabilização em relação aos piores momentos da crise econômica. "Como existe esse comportamento ambíguo, não se pode dizer que estamos em uma trajetória de recuperação. Esses indicadores mostram que você está em um período de transição", disse o economista-chefe da CNI, Flávio Castelo Branco. Segundo ele, os indicadores não devem mostrar "sistematicamente" dados positivos no segundo trimestre.