Atendimentos no Sebrae crescem 9 vezes em 4 anos
Valor EconômicoNo cenário de crise, as micro e pequenas empresas costumar ser as últimas atingidas, uma vez que seus negócios são mais resilientes. "É mais difícil para uma pequena demitir, já que ela conta com uma equipe pequena e com funcionários atuando em funções bem específicas", observa Heloisa Menezes, diretora técnica do Sebrae.
A abertura de microempresas avança, assim como sua resiliência. "O Brasil tem um movimento pró-empreendedor importante. O Sebrae atendeu 320 startups em 2014, 855 em 2015 e 1,2 mil em 2016", conta Heloisa.
Em quatro anos, desde 2013, a quantidade de startups atendidas pelo Sebrae em todo o país cresceu nove vezes (de 130 para 1,2 mil). De acordo com o banco de dados da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), existem hoje 4.185 startups cadastradas no país - número que cresceu 30% entre 2015 e 2016, mesmo na crise.
O cenário atual explica a criação de um evento nacional do porte do Sebrae Startup Day, que aconteceu simultaneamente em 48 cidades brasileiras, em 22 de setembro, com o intuito de discutir o cenário do empreendedorismo digital e estimular o desenvolvimento de startups no Brasil.
O evento contou com a participação de mais de 10 mil pessoas, entre empreendedores, desenvolvedores/programadores, estudantes, designers, investidores, aceleradoras e incubadoras que discutiram o ecossistema empreendedor de negócios digitais brasileiro, as dificuldades e os desafios do mercado. Cada Estado organizou uma programação específica, de acordo com a realidade local, com palestras e workshops.
"As startups são conduzidas por pessoas que transformam boas ideias em negócios e que estão dispostas a testar e colocar em risco o processo de investimento", explica Heloisa. Um traço comum entre essas startups é o uso da tecnologia digital.
Esse é o caso da ASAPP, de São Paulo, que criou uma plataforma que acelera a distribuição de conteúdo (texto, imagem, áudio e vídeo) da empresa para, por exemplo, a sua força de vendas. As informações podem ser visualizadas em tempo real pelo smartphone, o que facilita a comunicação instantânea.
O agravamento da crise econômica não impediu que a startup conseguisse resultados positivos no licenciamento de sua plataforma. A empresa vem conquistando grandes clientes como Tecnisa, Telhanorte e Yamaha, graças a uma mudança de estratégia. Ela transformou sua plataforma em um canal de comunicação metrificado, com medição do engajamento de usuários, possibilidade de treinamentos e estímulo ao desempenho da forças de vendas.
"Em alguns pontos, a crise até nos ajudou, já que muitas empresas diminuíram o número de convenções de vendas para reduzir custos. Com isso, elas precisavam de uma plataforma que possibilite levar informação e treinamento para a sua força de vendas", conta o CEO e co-fundador da empresa, João Marcos Oliveira.
Segundo Oliveira, também foi decisivo para o sucesso da ASAPP o apoio de programas de aceleração e pós-aceleração, a ACE (antiga Aceleratech) e Acelera Partners, ambos da Microsoft.
Outro caso de startup que cresce é a Edools, criada por jovens empreendedores cariocas em 2013. Ela é uma plataforma completa para comercialização, oferta e gestão de ensino a distância, utilizada por empresas e instituições que desejam gerenciar cursos on-line. Hoje, ela tem 180 clientes.
"Pense em um projeto de ensino a distância como se fosse o carro. O Edools é a parte complexa interna, como motor, chassi e elétrica. O cliente pode adicionar a sua própria carroceria. Assim, você consegue ter um projeto com a sua cara sem precisar criar do zero todo o sistema por trás", explica o co-fundador Bernardo Kircove.
A Edools teve investimento da 500 Startups, o que levou os jovens empreendedores a passar pelo seu programa de aceleração no Vale do Silício no ano passado.