Ascenty investe em centro de dados em SP
Valor EconômicoA prestadora de serviços de centros de dados Ascenty está investindo R$ 200 milhões para construir uma unidade de 10 mil m2 em São Paulo. Localizado no quilômetro 17 da rodovia Anhanguera, o centro de dados entrará em operação em abril de 2016 e será o maior da companhia. De acordo com Chris Torto, fundador e presidente da empresa, a unidade entra em operação com um grande cliente em atendimento, que ocupará boa parte de sua capacidade.
Os investimentos em centros de dados no Brasil começaram a ganhar força entre 2009 e 2010, com investimentos de prestadores de serviços nessa área como Locaweb, Equinix (que comprou a Alog) e UOL Diveo. Mas os clientes também reforçaram suas estruturas. Ano passado, o Santander anunciou investimento de R$ 1,1 bilhão para montar um novo centro. Em março, o Itaú inaugurou uma estrutura que recebeu investimento de R$ 3,3 bilhões.
Quando criou a Ascenty, em 2012, Torto tinha como plano investir fora da capital paulista para driblar a alta competição e também os custos mais elevados de operação. Mas depois de montar centros em Campinas, Jundiaí e Hortolândia (esse último começa a funcionar em outubro) e um no Nordeste (inaugurado em junho, em Fortaleza) a demanda dos clientes por uma unidade em São Paulo falou mais alto.
"Há uma demanda dos clientes para ter estruturas próximas às sedes das companhias pela necessidade de acesso frequente aos equipamentos", disse o empresário ao Valor. Até 2020, a meta é ter dez centros de dados em operação em todo o Brasil. No momento, a Ascenty tem R$ 360 milhões de caixa e linha de crédito disponível para investir. Com 250 clientes - sendo a maior parte empresas internacionais -, a operação atingiu o ponto de equilíbrio no ano passado, segundo Torto - que já foi dono da operadora de TV a cabo Vivax, no interior de São Paulo, vendida para a Net em 2007.
O executivo não revela a receita da companhia, mas segundo estimativas de mercado, está na faixa de R$ 300 milhões. O mercado de serviços de centros de dados no Brasil movimenta cerca de US$ 1,5 bilhão, estima a empresa de pesquisa Frost & Sullivan. A expansão das vendas desse setor tem girado em torno de 10% ao ano.
Das vendas da Ascenty, 60% estão concentradas no modelo conhecido como "colocation", no qual o provedor aluga o espaço físico para o cliente. Outros 20% estão na oferta de serviços de hospedagem de sistemas. O restante vem da área de telecomunicações.
Além dos centros de dados, a Ascenty investiu na construção de um rede de fibras ópticas para fazer a conexão com os clientes. Ao todo, são 3,2 mil quilômetros. Assim como nos centros de dados, o objetivo inicial também era montar a estrutura fora de São Paulo. Mas os planos acabaram tomando outro rumo. "Hoje, 80% da demanda de uso da rede de fibra óptica vem da cidade", disse. De acordo com o executivo, 90% dos clientes contratam a rede própria da Ascenty. A companhia também vende capacidade para outras operadoras nas regiões em que elas precisam reforçar sua cobertura. "A operação de telecomunicações é bem lucrativa", disse Torto.
De acordo com o executivo, algumas dinâmicas do mercado têm feito a empresa crescer suas operações e manter uma perspectiva positiva mesmo em um momento de economia ruim. A primeira é a necessidade que a maioria das empresas têm de colocar uma estrutura local para ter mais velocidade no acesso a seus serviços pela internet. A segunda é a tendência que as companhias têm de buscar serviços terceirizados para cortar custos em momentos de aperto. De acordo com Torto, a Ascenty cresceu 130% em 2014. Para 2015, a projeção é de um avanço da ordem de 140%.