08/04/13 14h24

Ascenty inicia obras de 2º centro de dados em SP

Valor Econômico

A Ascenty, empresa brasileira especializada em serviços de centros de dados e telecomunicações, começou neste mês a construção de sua segunda unidade. As novas instalações, localizadas em Hortolândia (SP), terá 12 mil m2 e receberá investimento de R$ 150 milhões. A expectativa é que o centro de dados entre em funcionamento no fim do ano.

A construção se segue a um investimento de R$ 30 milhões feito em fevereiro para ampliar o primeiro centro de dados da companhia, em Campinas (SP). A unidade, com cinco mil m2, foi inaugurada em outubro,. Em entrevista ao Valor, Chris Torto, fundador e executivo-chefe da companhia, disse que a demanda por serviços de centros de dados está muito aquecida no país, o que levou à decisão de acelerar os planos de expansão.

Segundo o executivo - fundador da operadora de TV paga Vivax, vendida para a Net em 2007 - o investimento em Hortolândia é adicional aos R$ 250 milhões anunciados em abril do ano passado. Os recursos para o investimento em Hortolândia vieram do caixa da empresa e do fundo americano Great Hill Partners, que tem participação na Ascenty, diz Torto. "Há poucos centros de dados no Brasil", diz o executivo.

Segundo a empresa de pesquisa Frost & Sullivan, o mercado brasileiro de serviços de centros de dados movimentou US$ 1,62 bilhão em 2012. Para este ano, a estimativa de crescimento é de 11,3%, somando US$ 1,8 bilhão. Até 2017, o valor pode chegar a US$ 2,56 bilhões. De acordo com Fernando Belfort, da Frost & Sullivan, cerca de 40 empresas competem nesse mercado atualmente, todas com investimentos significativos para ampliar suas operações. "Existe espaço no mercado, mas a competição é intensa", disse o analista.

De acordo com Torto, o centro de Hortolândia terá um custo de construção 40% mais alto do que o de uma unidade tradicional. Isso é resultado das tecnologias que serão usadas no centro. A ideia é equipar a unidade com equipamentos conhecidos como "blades", computadores que ocupam menos espaço, mas têm poder de processamento mais elevado que outros servidores.

Como são mais potentes, essas máquinas consomem mais energia e precisam de uma estrutura maior de refrigeração para manter tudo em funcionamento, o que exige mais investimento em infraestrutura. Será necessário até construir uma sub-estação elétrica para dar conta da grande quantidade de energia consumida, disse Torto. "Em Campinas o consumo é de seis megawatts por hora, enquanto em Hortolândia serão 25 megawatts por hora para um espaço físico só duas vezes maior", afirmou o executivo.

Em seu formato atual, a Ascenty começou a ser estruturada em 2010, quando Torto criou duas empresas separadas para operar nas áreas de telecomunicações e centros de dados: a Metro Fiber Brasil Telecomunicações (MFB) e a Data Centers do Brasil (DCB). Com o crescimento dos negócios, o executivo decidiu unir as operações. O nome Ascenty foi emprestado de uma companhia paulista de centros de dados comprada em fevereiro do ano passado.

Em 2012, a companhia construiu mil quilômetros de redes de fibra óptica na região metropolitana de São Paulo e conquistou mais de 150 clientes, passando de 200 no total. A Ascenty tem 100 funcionários. Metade das vendas, de valor não revelado, vem dos chamados serviços gerenciados (pelos quais o cliente passa para o fornecedor a responsabilidade de administrar o funcionamento de seus sistemas) e de computação em nuvem (os sistemas são acessados pela internet e a cobrança é feita de acordo com o uso).

Para os próximos dois anos, a Ascenty pretende construir mais dois centros de dados no interior de São Paulo (as candidatas são Jundiaí, São José dos Campos e Santo André) e um na região Nordeste (na cidade de Fortaleza, no Ceará).