ArteSol abre primeira loja e planeja rede a partir de 2017
Valor EconômicoUma rede de lojas espalhada pelo país para vender artesanato brasileiro feito por mulheres, que chefiam suas famílias e dependem do Bolsa Família. O plano da ArteSol - Artesanato Solidário começa a tomar forma hoje, com a abertura da primeira loja em São Paulo.
"A partir de 2017, vamos expandir", diz a presidente da ArteSol, Sonia Quintella de Carvalho. O plano de negócios está traçado: a loja de 50 metros quadrados, instalada no shopping JK Iguatemi, tem a meta de faturar R$ 1,2 milhão no primeiro ano de funcionamento e 30% disso irá para os artesãos.
Organizados em 40 grupos, de 19 Estados, os artesãos que abastecem a loja produzem sofisticados trançados de diversos tipos de palha, entalhes de madeira e cerâmicas. A loja é focada em objetos para casa, mas há também vestidos de renda, além de bolsas, écharpes e colares. Sonia diz que serão lançados 180 produtos - com a ajuda de estilistas, os artesãos do Piauí, por exemplo, estao confeccionado seus cestos nos mesmo formatos, mas usando cores diferentes, com tingimentos naturais. "São 18 estilistas e designers que estão ajudando os artesãos a inovar", diz a presidente da ArteSol.
Sonia, administradora de empresas com pós-graduação em marketing, está desde o ano passado comandando a ArteSol. Criado há 18 anos por Ruth Cardoso como um programa de governo para combater a pobreza em regiões de seca, desde 2002, o projeto tornou-se uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip).
Sonia tem experiência em tocar empresas que dependem de cair no gosto do consumidor final. Dirigiu a unidade de negócios da Alpargatas e foi diretora-geral da Triumph e da Gucci no Brasil.
A loja que está sendo inaugurada hoje trabalha com 40 grupos de artesãos, mas a abrangência da ArteSol é maior. Já implantou a sua "tecnologia" em 120 grupos. "Até fim de 2017 serão 250 grupos", diz Sonia. Ela trabalha com o apoio de pesquisadores, que estudam a história das peças, estilistas e até engenheiros florestais, que orientam o artesão para que sua atividade não agrida a natureza.
O artesanato, mapeado pela ArteSol, é feito em sua esmagadora maioria por mulheres, na faixa de 40 anos. "Setenta por cento delas é chefe de família e 80% recebem Bolsa Família", diz Sonia, que elogiou a iniciativa do governo federal, na gestão de Dilma Rousseff, do ano passado para cá, de avançar no plano de regulamentar a atividade do artesão. "Dilma retomou o PAB (Programa de Artesanato Brasileiro) de maneira forte. Teve um grande avanço", diz ela.
O projeto das lojas tem como parceiro o Grupo Iguatemi, dono do shopping JK e um dos principais mantenedores da ArteSol. Carlos Jereissati Filho, presidente do Grupo Iguatemi, diz que está com "ótimas expectativas" em relação à Artiz, a loja da ArteSol. Perguntado se pretende replicar a Artiz em outros shoppings do grupo, ele afirma: por enquanto, "estamos totalmente focados na abertura desse espaço".
Além de levar a Artiz a outras cidades, em 2017 Sonia quer começar a organizar a exportação dos objetos feitos sob a orientação da ArteSol. "Há dificuldades logísticas", diz ela, que vai entrar em contato com a Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em breve.