04/12/13 15h21

Armco acelera conclusão da nova fábrica em Jacareí

Valor Econômico

Originalmente americana, a metalúrgica Armco chegou ao Brasil há exatos 100 anos, mas por pouco não chegou a ser uma companhia centenária no país. Em 1993, quando o grupo passava por um enxugamento em todo o mundo, a unidade brasileira foi comprada por seus diretores. Hoje, tem quatro unidades produtivas e toca seu maior investimento único, considerado por um de seus principais acionistas, Levon Kessadjikian, como o "maior passo" em 20 anos. Com aporte de R$ 230 milhões, a Armco inaugura amanhã uma nova fábrica em Jacareí (SP).

O investimento em Jacareí elevará em 40% sua capacidade de produção anual, passando de 200 mil toneladas para 280 mil toneladas, considerando todas as fábricas. Além de Jacareí e de São Paulo, onde está a sede, a Armco está em São Bernardo do Campo (SP), Sorocaba (SP) e Manaus (AM). Segundo Kessadjikian, a unidade paulistana, localizada no bairro da Vila Prudente, não tinha espaço suficiente para expansão. "Em Jacareí, temos maior disponibilidade de gás, energia, mão de obra qualificada e facilidade logística. E a geometria do terreno é melhor para nossa produção", afirmou.

A Armco transforma aço - comprado principalmente das siderúrgicas CSN e Usiminas - em produtos que vende para a indústria automobilística e para setores como linha branca, eletroeletrônicos, ferramentas e duas rodas. O mercado automobilístico, dividido em autopeças e produtos para montadoras, gera metade de suas receitas, que no ano passado totalizaram R$ 575 milhões.

Apesar de o setor siderúrgico atravessar um momento de demanda contraída, o cenário é favorável à ofensiva da Armco. Uma das suas principais concorrentes, a Mangels, entrou com pedido de recuperação judicial no mês passado e deve abrir espaço no mercado enquanto estiver envolvida nesse processo. Com isso, duas companhias ganham destaque no segmento no país: a Armco e a alemã Brasmetal. Juntas, elas são responsáveis por algo próximo a 90% das vendas, segundo estimativas de Kessadjikian.

O desejo de construir uma nova unidade no Brasil era antigo. Segundo o executivo, surgiu em 2005. Três anos depois, comprou o terreno em Jacareí, mas deixou o plano de lado por causa da crise financeira. Em 2011, decidiu retomar o projeto com velocidade.

Apesar de não atribuir a decisão de acelerar os investimentos à saída da concorrente, Kessadjikian diz que a dificuldade enfrentada pela Mangels contribuiu para que as vendas da companhia subissem 26% neste ano até setembro, na comparação com o mesmo período de 2012. A exigência de conteúdo nacional para a fabricação de carros também ajudou, afirma.

No ano que vem, a empresa planeja avançar no mercado doméstico e também elevar suas exportações, que atualmente correspondem por aproximadamente 3% de suas vendas. O crescimento esperado no faturamento é de cerca de 10%, segundo o executivo, e previsão é de elevar o Ebitda dos R$ 30 milhões previstos para este ano para R$ 40 milhões.

Os investimentos na nova fábrica, que ocupa 45 mil m2 em um terreno de 310 mil m2, incluem três laminadores com tecnologia que reduz significativamente o tempo de produção e os custos da unidade. Em rentabilidade, o aumento esperado é de 5 pontos percentuais, segundo o executivo. "Seremos muito competitivos até para atenuar as diferenças cambiais", disse.