06/01/16 15h56

Argentina de Macri abre expectativa de negócios a calçadistas de Franca

Novo presidente sul-americano prometeu derrubar embargos a importações. Em 2015, país respondeu por 1,36% das exportações do município paulista.

G1

As indústrias calçadistas de Franca (SP) projetam nas recentes mudanças políticas da Argentina uma oportunidade para retomada nas exportações a partir de 2016.

O novo presidente eleito Mauricio Macri prometeu abertura econômica para as importações que têm sido alvo de embargos burocráticos e tributários desde 2011, o que pode favorecer as vendas do sapato masculino produzido no interior de São Paulo.

"Nossa expectativa é muito alta, vamos voltar a ter um cliente em potencial", diz o presidente do Sindicato da Indústria de Calçados de Franca (Sindifranca), José Carlos Brigagão do Couto.

Um dos maiores polos calçadistas do Brasil, Franca foi responsável por 8,54% das exportações nacionais e 64,49% das exportações paulistas do setor, em dólares, no ano passado, segundo levantamento da entidade que representa as indústrias do segmento no município.

Segunda maior economia do Mercosul, a Argentina chegou a representar, em 2008, 16,09% do volume de dólares faturados pelas indústrias de Franca, com um saldo de US$ 12,9 milhões, mas no decorrer dos últimos anos a sua participação caiu.

Em 2015, o país comprou apenas 1,36% dos sapatos exportados pelo município e ficou atrás de Estados Unidos, Arábia Saudita, além de Bolívia, Chile, Paraguai, Uruguai e Cuba.

De acordo com o Sindifranca, no balanço acumulado de janeiro a novembro de 2015 - os dados de dezembro ainda não foram divulgados -, a Argentina respondeu por US$ 977,5 mil em contratos, listando na 13ª posição em uma relação de 86 países que compraram o calçado produzido no interior paulista.

A queda de participação dos argentinos entra em um contexto de baixa generalizada nas exportações de calçados de Franca nas últimas décadas. Em 1993, a cidade enviou metade de sua produção para fora do Brasil.

Em 2015, depois de chegar a estimar uma participação internacional de apenas 1,65% nos negócios, o setor chegou ao fim do ano prevendo uma margem de 8,51% para exportações e um volume de negócios 6,6% inferior a 2014 que totalizou US$ 71,8 milhões.

"Eles [argentinos] não têm uma indústria calçadista como tem o Brasil. É um cliente importante para nós. No passado, ficavam em terceiro, quarto lugar nas importações. Agora, com esse destravamento, vamos poder atingir um patamar de exportação daquele do passado ou talvez maior", diz Couto.

Expectativa que, para o empresário calçadista José Geraldo de Andrade, já se concretiza na procura de investidores argentinos pelo seu sapato durante uma feira de calçados e acessórios em Gramado (RS) no final de 2015.

O real desvalorizado perante o dólar - na faixa dos R$ 4 - e a similaridade do perfil consumidor também facilitam as negociações.

"A Argentina é um mercado muito interessante, porque está mais próximo, é mais fácil de lidar, tem a facilidade da língua e tem muito a ver com a gente. (...) Vai ajudar muito. Com a queda que tivemos no mercado interno, qualquer coisa que vir na exportação é muito bem vinda hoje", afirma.

Câmbio volátil

Brigagão, no entanto, alerta que os empresários ainda devem ficar atentos ao câmbio volátil.
"Na hora de as empresas fazerem seus custos não se deve considerar o dólar que está aí hoje, tem que ser menor, porque não sabemos a variação que existe. Em decorrência da economia do país a variação é muito grande