Aquisição dá impulso à Shell no país
Valor EconômicoA provável aquisição da BG pela Shell fará com que a gigante anglo-holandesa se torne a segunda maior produtora de petróleo do Brasil, atrás apenas da Petrobras. Também vai ultrapassar a Statoil e a Repsol Sinopec.
A compra permitirá aumento expressivo das reservas de petróleo da companhia, já que ela passará a ter participação relevante em áreas nobres do pré-sal, onde foram feitas as maiores descobertas do mundo e já são produzidos volumes expressivos. A Shell adquiriu 20% do campo de Libra, um dos gigantes do pré-sal leiloado pelo sistema de partilha da produção, que ainda está em fase de exploração.
A companhia também descobriu petróleo na área apelidada de Gato do Mato (BM-S-54, também no pré-sal) mas discute com a Pré-Sal Petróleo SA (PPSA) questões complexas relacionadas à individualização da produção. Atualmente, a Shell produz no Brasil 46,4 mil barris de óleo equivalente (boe) e o volume aumentará para 183,7 mil barris quando ela acrescentar os 137,2 mil barris da BG.
A Shell ainda está em quinto lugar entre as maiores concessionárias brasileiras, mas com a venda dos campos Bijupirá-Salema para a PetroRio, ainda em análise pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), a produção total de petróleo a que ela tem direito cai para cerca de 24 mil barris. A companhia tem também a concessão do Parque das Conchas (BC-10), do BM-S-54 e BM-ES-27 (onde a Petrobras é operadora), além de Libra.
Já o portfólio da BG no Brasil é mais diversificado, o que implicará em mais custos de investimento para a Shell, já que o plano de investimentos da britânica prevê aportes de US$ 3 bilhões por ano no país. Não por acaso, a unidade brasileira da BG responde por 20% da produção total da companhia.
A empresa é sócia de Petrobras, Repsol Sinopec e Galp em campos do pré-sal, como Lula, Iracema, Iara, Lapa, Sapinhoá, Abaré Oeste, Iguaçu, Abaré e Carioca. Também adquiriu licenças para explorar áreas na Bacia de Barreirinhas.
O meganegócio também impressionou algumas fontes no Brasil. Mas fusões ou aquisições desse calibre já eram esperadas a partir da queda dos preços do petróleo. Foi o que ocorreu entre 1998 e 2002 nas compras da Amoco e Arco pela BP; da Texaco pela Chevron; da Mobil pela Exxon e na fusão das francesas Total, Petrofina e Elf. "A Shell inaugura uma onda de fusões que já era esperada. A BG tem reservas importantes mas precisa de muito dinheiro, e a Shell precisava de reservas", diz fonte.