18/04/10 11h32

Apple quer fabricar iPhone no Brasil

Folha de S. Paulo

A Apple estuda formas de viabilizar a fabricação de alguns de seus produtos no Brasil. A Folha apurou que os planos incluem o iPhone, o MacBook e, possivelmente, o iPod. As barreiras impostas no país, no entanto, podem afetar o sucesso das negociações com a Foxconn, que atualmente é a companhia contratada pela Apple para fabricar seus produtos na China. As conversas entre a Apple e a Foxconn tiveram início em meados de 2009, interromperam-se no final do ano e intensificaram-se há duas semanas.

Além de precisar conseguir um PPB (Plano Produtivo Básico) para ter direito a descontos de impostos, principalmente na importação de insumos, a Apple teria também de fazer algum investimento em parceria com a Foxconn para que a fábrica da chinesa em Jundiaí, no interior de São Paulo, pudesse receber uma linha de montagem exclusiva. São justamente esses detalhes que emperram as negociações. A Folha apurou que, desta vez, a Apple estaria mais empenhada em chegar a um acordo. Motivos não faltam. O Brasil é o país da América Latina que registra maior aumento de renda, consumo e crédito.

O mercado de smartphones (celulares que navegam na internet) deve dobrar em 2010 e repetir o crescimento em 2011. Hoje, 7% dos aparelhos vendidos são smartphones, categoria a que pertencem iPhone (Apple), BlackBerry (RIM) e E67 (Nokia), entre outros. A Nokia tem fábrica própria no Brasil e, em março, a canadense RIM anunciou o início da produção do BlackBerry no país. Vendendo importados, a Apple não decolou no país com a venda de seu iPhone. O preço é a principal barreira. Com a produção local, a Apple passaria a importar os componentes e com isso reduziria a carga de impostos que hoje incidem sobre o iPhone. Cálculos iniciais das operadoras indicam que haveria uma redução de 15% nos custos, algo que, teoricamente, deixaria o preço do aparelho produzido no Brasil cerca de 10% mais alto que na China. Hoje ele desembarca custando 70% a mais.

Também com uma produção local, o MacBook (um dos notebooks mais finos do mundo) ficaria mais competitivo. A Folha informou há uma semana que faz parte dos planos da Apple estar entre os líderes na venda de computadores no país com a abertura de lojas terceirizadas, em parceria com varejistas. A meta é ganhar mais 1% de mercado neste ano (passando para 3% do total das vendas) e chegar a 5% em cinco anos.